
A delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Verlânia de Assis, compartilhou em entrevista sua trajetória profissional e os desafios no enfrentamento da violência de gênero.
Com mais de 20 anos de experiência, a delegada enfatizou a necessidade de acolhimento das vítimas e destacou os avanços na legislação e nas estruturas de apoio, como a Casa da Mulher Brasileira.
Trajetória e compromisso com a causa
Paraibana, Verlânia se formou em Tecnologia Química mas decidiu migrar para o Direito, buscando atuar na defesa dos mais vulneráveis.
No início dos anos 2000, ingressou na Polícia Civil de Roraima e, desde então, dedicou-se à proteção de mulheres vítimas de violência. “Acredito que, além da investigação, é essencial oferecer acolhimento para essas mulheres”, afirma.
Avanços e desafios na proteção às mulheres
Segundo a delegada, a Lei Maria da Penha, criada em 2006, representou um marco no combate à violência doméstica ao prever medidas protetivas, como o afastamento do agressor.
Antes da legislação, as mulheres denunciavam agressões, mas não havia mecanismos eficazes de proteção. “Com as medidas protetivas, a resposta do Estado às vítimas tornou-se mais rápida e efetiva”, explica.
Entretanto, a repressão penal sozinha não resolve o problema. Verlânia destaca que a violência contra a mulher é um fenômeno multifacetado, necessitando do envolvimento da sociedade.
“Muitas vítimas acabam desistindo do processo não porque querem, mas porque se veem sem saída. Precisamos fortalecer redes de apoio, conscientizar a população e promover autonomia financeira para essas mulheres”, pontua.
A realidade da violência de gênero
Os dados da DEAM revelam que ameaças, perseguição (stalking) e agressões físicas lideram as ocorrências. A delegada também alerta para o alto índice de feminicídios e para os impactos da violência nos filhos das vítimas.
“A violência doméstica não afeta apenas a mulher, mas toda a estrutura familiar. Crianças que crescem em ambientes violentos tendem a reproduzir esse comportamento na vida adulta”, explica.
Para Verlânia, a prevenção é fundamental. Ela defende campanhas educativas e incentiva mulheres a identificarem sinais de abuso nos relacionamentos. “Um homem que isola a companheira da família, que controla suas amizades e roupas, que demonstra ciúmes excessivo, dá indícios de comportamento violento”, alerta.
A delegada também reforça a importância de sororidade e apoio entre mulheres. “Precisamos ser mais empáticas e menos julgadoras. Em vez de questionar por que uma mulher voltou para um relacionamento abusivo, devemos nos perguntar como podemos ajudá-la a sair dessa situação.”
Em Roraima, a Casa da Mulher Brasileira se destaca como um espaço de acolhimento, oferecendo assistência jurídica, psicológica e social. “A mulher que precisa sair do ciclo de violência encontra ali um suporte completo, com alojamento, atendimento 24h e capacitação para o mercado de trabalho”, destaca.
Os desafios futuros incluem a ampliação do atendimento às mulheres indígenas e do campo, além da instalação de delegacias especializadas em municípios fronteiriços. “Precisamos expandir a rede de proteção para garantir que todas as mulheres tenham acesso aos serviços necessários”, reforça.
Mensagem de coragem para as mulheres
Ao final da entrevista, Verlânia deixou uma mensagem de incentivo para as mulheres que enfrentam a violência. “Mulheres são seres corajosos por natureza. Precisamos lembrar dessa coragem para romper ciclos de abuso e buscar uma vida digna. Não tenham medo de pedir ajuda. Vocês merecem respeito, liberdade e felicidade.”
Por: Papo M3 Realidades
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