Última modificação em 6 de março de 2025 às 08:34
![Sem título[1]](https://papom3realidades.com.br/wp-content/uploads/2025/03/Sem-titulo1-3-1024x493.png)
Na série especial do Papo M3 Realidades para o Dia das Mulheres, o bate-papo foi com duas jovens que carregam na pele e no coração o orgulho de serem indígenas da etnia Yekuana. Thaís e Gisele nasceram em comunidades diferentes, mas compartilham origens, tradições e o desejo de levar adiante a cultura do seu povo.
Vindo de comunidades pequenas, próximas da fronteira com a Venezuela, as irmãs de coração (e primas de sangue) contam que a cultura Yekuana é cheia de festas, danças e, claro, boa comida. Para elas, a infância foi marcada pelas brincadeiras ao ar livre e pelos costumes tradicionais, como o trabalho na roça, o preparo das comidas típicas e as festas que reúnem toda a comunidade.
Tradições que marcam a vida
Uma das tradições mais importantes para as meninas Yekuana é o rito de passagem, aquele momento em que as meninas deixam de ser crianças para se tornarem jovens da comunidade. Esse ritual é conhecido por um costume curioso: as meninas recebem cipozadas — golpes com cipó — como parte do processo. Thaís e Gisele garantem: dói, e muito! Mas é uma dor cheia de significado, que representa a força e a coragem necessárias para entrar na fase adulta.
Elas explicam que todas as meninas passam por isso e, mesmo com o medo, elas aceitam porque sabem que faz parte da sua cultura e das suas raízes. Para o futuro, Thaís já pensa em manter essa tradição com suas filhas, mostrando que, mesmo com as mudanças do mundo moderno, as raízes culturais seguem firmes.
Comida, dança e pintura: o dia a dia com identidade
Entre as coisas que Thaís e Gisele mais sentem saudade da comunidade, a comida é uma das principais. Pratos como chibé e peixe assado são lembranças de casa, cheias de sabor e tradição. E claro, as festas também têm um papel especial: “parece que lá todo dia é sexta-feira”, brincam.
Durante os festejos, é comum as mulheres Yekuana usarem pinturas corporais. Essas pinturas, feitas com tinta natural, têm desenhos e significados especiais, principalmente nas festas de Ano Novo, quando as mulheres capricham nos detalhes e nos acessórios de miçangas, além da tradicional saia de palha.
Entre dois mundos
Hoje morando na cidade, Thaís e Gisele vivem uma mistura de culturas. Elas sentem falta das festas e da liberdade da comunidade, mas também gostam da cidade e de suas novidades — como os passeios no shopping e a chance de conhecer músicas diferentes, do forró ao funk.
Mesmo divididas entre a vida na cidade e as tradições da comunidade, elas acreditam que levar o conhecimento da cidade para a comunidade é uma forma de contribuir. Elas conhecem pessoas da etnia que vieram estudar na cidade e depois voltaram para trabalhar como enfermeiras, levando cuidado e conhecimento para os parentes.
Sonhos e incertezas para o futuro
Como muitas jovens, Thaís e Gisele ainda estão descobrindo seus caminhos. Elas sabem que querem continuar estudando, mas ainda não decidiram exatamente qual profissão seguir. E está tudo bem! O importante, segundo elas, é seguir conhecendo novas oportunidades, sem pressa.
Para elas, o recado para outras meninas indígenas — e para qualquer jovem — é simples: não desistam de estudar. Cada nova porta que se abre é uma chance de conhecer um mundo novo, seja dentro da sua própria cultura ou fora dela.
Preservar as raízes, explorar o mundo
Mesmo com tantas incertezas sobre o futuro, uma coisa é certa: a cultura Yekuana sempre vai fazer parte da vida de Thaís e Gisele. Seja através das comidas, das festas, das pinturas ou das lembranças da infância, elas sabem que suas raízes são parte de quem são — e que o orgulho de ser Yekuana vai acompanhá-las onde quer que estejam.
Por: Papo M3 Realidades