
Análise econômica foi realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foto: Reprodução
Última modificação em 18 de julho de 2025 às 15:17
Uma análise econômica realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) indica que a aplicação das barreiras tarifárias previstas pelos Estados Unidos poderá provocar efeitos negativos significativos tanto na economia mundial quanto no Brasil. O levantamento, divulgado no dia 11 de julho, prevê uma queda de 0,12% no Produto Interno Bruto (PIB) global e uma retração de 2,1% no comércio internacional, o que corresponde a uma perda de aproximadamente US$ 483 bilhões.
De acordo com o estudo, em um horizonte de 12 meses, os Estados Unidos seriam os mais impactados, sofrendo uma redução de 0,37% no PIB. China e Brasil também seriam afetados, com retração estimada de 0,16% no PIB nacional brasileiro, o que equivaleria a uma perda de cerca de R$ 19,2 bilhões.
No Brasil, as exportações poderiam cair em torno de R$ 52 bilhões, enquanto as importações recuariam cerca de R$ 33 bilhões. O emprego também sofreria consequências, com uma redução estimada de 0,21%, o que representa aproximadamente 110 mil postos de trabalho perdidos.
Os setores mais afetados seriam a indústria e o agronegócio, tanto na produção quanto nas exportações. Por exemplo, o segmento de máquinas agrícolas — incluindo tratores — poderia ver uma queda de 23,61% nas exportações e uma redução de 1,86% na produção.
Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), destaca que empresas que atuam fortemente em comércio exterior, como Tupy, WEG e Embraer — cujas exportações aos EUA chegam a 40% do total — serão particularmente impactadas. Segundo ele, a fabricação de aeronaves, embarcações e equipamentos de transporte, setores citados no estudo da UFMG, poderia ter uma queda de 9,19% na produção e de 22,33% nas exportações.
Em termos de emprego, a estimativa é que 40 mil vagas sejam perdidas no setor agropecuário, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria. Alban alerta ainda para os efeitos sobre pequenas e médias empresas, que, apesar do menor volume, têm papel fundamental na economia regional, como no caso de produtores de calçados e hortifrutigranjeiros, que em alguns estados dependem fortemente do mercado norte-americano.
Impactos regionais no Brasil
O estudo da UFMG aponta os cinco estados mais prejudicados: São Paulo (R$ 4,4 bilhões de queda no PIB estadual), Rio Grande do Sul (R$ 1,9 bilhão), Paraná (R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,74 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,66 bilhão).
Os efeitos também variam conforme o setor: Minas Gerais teria a maior queda percentual no agronegócio (1,15%) e na indústria extrativa (0,35%). São Paulo, por sua vez, seria mais afetado na indústria de transformação (queda de 0,31%), comércio e transporte. No agronegócio paulista, a redução seria de 0,73%, e na indústria extrativa, de 0,12%.
Diplomacia e mobilização empresarial
Na tentativa de evitar o avanço das tarifas, a embaixada brasileira em Washington entregou uma carta ao governo dos Estados Unidos, solicitando a retomada das negociações técnicas para suspender as tarifas de 50% aplicadas às exportações brasileiras. O documento foi assinado pelos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), mas até o momento não houve resposta oficial de Washington.
Além disso, a Câmara de Comércio dos EUA e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) emitiram uma nota conjunta pedindo ao então presidente Donald Trump que suspenda as tarifas. As entidades destacam que mais de 6,5 mil pequenas empresas americanas dependem de produtos brasileiros e que 3,9 mil empresas dos EUA têm investimentos no Brasil.
Fonte: Brasil 61
Por: M3 Comunicação