
Mesmo com o aumento, cerca de 700 produtos brasileiros ficaram de fora da nova taxa. Foto: Reprodução
Última modificação em 6 de agosto de 2025 às 09:34
Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) novas tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos. A medida foi assinada na semana passada pelo presidente americano, Donald Trump, e afeta cerca de 36% dos produtos enviados aos EUA, o que representa 4% das exportações totais do Brasil.
Mesmo com o aumento, cerca de 700 produtos brasileiros ficaram de fora da nova taxa. Entre os que foram afetados estão café, frutas e carnes, que agora pagam uma tarifa extra. Já suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, celulose, aeronaves e peças de avião ficaram isentos da sobretaxa.
Essa ação faz parte da nova política comercial dos EUA, liderada por Trump, que vem aumentando tarifas sobre vários países como forma de tentar fortalecer a economia americana e enfrentar a concorrência da China.
Inicialmente, em abril, o Brasil foi incluído em uma lista com tarifa de 10%, já que os EUA têm superávit comercial com o país. No entanto, em julho, a tarifa subiu para 50%, segundo Trump, por dois motivos: uma retaliação a decisões que afetariam empresas de tecnologia dos EUA e uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe após as eleições de 2022.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil consideram essa decisão como uma pressão política dos EUA, especialmente contra o Brics – grupo formado por países emergentes que tem defendido o uso de outras moedas no comércio internacional, o que incomoda Washington.
Reação do Brasil
Em pronunciamento no domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil quer manter boas relações com os Estados Unidos, mas não aceita ser tratado como uma “republiqueta”. Ele também reafirmou o interesse do país em usar moedas alternativas ao dólar.
Para ajudar as empresas brasileiras afetadas pelas tarifas, o governo informou que vai lançar um plano emergencial com linhas de crédito e contratos públicos, a fim de minimizar os prejuízos causados pela medida americana.
Negociações em andamento
Após a decisão de Trump, o Departamento do Tesouro dos EUA procurou o Ministério da Fazenda brasileiro para iniciar negociações sobre as tarifas. Trump também sinalizou que estaria disposto a conversar diretamente com Lula.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que minerais raros e críticos – usados na indústria de tecnologia – podem ser parte de um possível acordo. “Os Estados Unidos não têm grandes reservas desses minerais. Podemos cooperar para produzir baterias mais eficientes”, disse Haddad em entrevista.
Haddad também comentou que o setor de café espera ser retirado da lista de produtos tarifados. No mesmo dia em que os EUA anunciaram as novas tarifas, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o país, o que pode abrir novas oportunidades no mercado asiático.
Fonte: Agência Brasil
Por: M3 Comunicação