
Felipe Falavinha, representante da Agroindustrial Serra Verde. Foto: M3 Comunicação
O episódio #12 do Podcast Papo M3 Realidades vai ao ar nesta quinta-feira (24) e traz como convidado o representante Agroindustrial Serra Verde, Felipe Falavinha. Ele é o quarto entrevistado de uma série de bate-papos, durante o mês de abril, que vai abordar temas relacionados à economia.
A Agroindustrial Serra Verde está localizada na zona rural de Boa Vista. É uma empresa do Grupo Falavinha, que iniciou suas atividades em 2020.
A companhia atua principalmente na fabricação de óleos vegetais, além de desenvolver atividades como a produção de farelo de soja e alimentos para animais.
Atualmente, a Serra Verde representa um marco no desenvolvimento da cadeia produtiva da soja em Roraima, agregando valor à produção local e gerando centenas de empregos diretos e indiretos. Além disso, atende aos mercados nacional e internacional com produtos de alta qualidade.
A origem da Serra Verde em Roraima
O representante da Agroindustrial Serra Verde, Felipe Falavinha, explica que durante a pandemia, surgiu uma mudança inesperada na trajetória da família, onde todos tinham um compromisso de vir visitar seu sogro, que é o fundador do grupo.
Ele disse que todos os anos, antes da pandemia, a família vinha para Roraima, mas com os planos pessoais apontando para fora do Brasil, Felipe se preparava para deixar o país quando um novo projeto cruzou seu caminho. “O grupo nos convidou para tocar esse novo projeto, e acabamos nos mudando para Roraima no final de 2020”, disse.
A mudança foi do Mato Grosso, onde o grupo mantém até hoje uma base produtiva sólida. “A base do grupo ainda é o Mato Grosso, e lá temos um braço produtivo ainda maior do que aqui”, explica.
No entanto, Roraima logo se transformou em um polo estratégico. Hoje, o Grupo Falavinha é o maior produtor de soja do estado, responsável por cerca de 12% de toda a produção estadual, com áreas prontas para expandir ainda mais. Esse protagonismo no campo foi o que motivou a verticalização da produção.
“Foi isso que trouxe o grupo a instalar a indústria aqui. Normalmente, uma indústria de esmagamento de grãos só se instala em regiões que têm cinco ou seis vezes a quantidade de soja que ela precisa pra operar. Em termos práticos, estamos falando de algo como 500 mil hectares de soja plantada. Hoje, Roraima planta pouco mais de 100 mil hectares”, relata Felipe.
A presença da Serra Verde, então, só é possível porque o próprio grupo serve como base para o fornecimento dos grãos necessários. “Nós somos um dos fornecedores, mas também compramos de outros produtores parceiros. Isso nos dá a escala que a indústria precisa.”
Felipe ressalta que a planta industrial da Serra Verde foi construída para operar com alta capacidade. “É uma indústria preparada pra esmagar mil toneladas de soja por dia. Isso dá em torno de 200 caminhões, pra ter uma noção do volume”, destaca.

Desafios
A história da Serra Verde não começou da noite para o dia. Ela é fruto de uma trajetória de paciência, visão e enfrentamento de muitos desafios ao longo do tempo. Como lembra Felipe Falavinha.
“Isso começou lá atrás, né? Em 2011, 2012 para 2013, quando o grupo se estabeleceu em Roraima para iniciar o plantio”, relembra.
Naquela época, a presença do Grupo Falavinha em Roraima ainda era discreta. A produção crescia passo a passo, enfrentando obstáculos que iam desde questões logísticas até a estrutura precária de apoio ao agronegócio local.
“O crescimento diário não acontece de um ano para o outro apenas. Você vem crescendo gradativamente”, afirma Felipe.
E esse crescimento, ainda que lento no começo, ganhou força nos últimos anos. Hoje, a previsão é que o grupo plante entre 12 e 13 mil hectares de soja, acompanhando o avanço do próprio estado de Roraima, que deve ultrapassar os 130 mil hectares plantados este ano.
Esse ritmo acelerado foi decisivo para a criação da Serra Verde. “Esse crescimento que vem acontecendo ali, e há dois, três anos atrás de forma mais vertiginosa, também nos estimulou a instalar a indústria aqui”, explica Felipe.
A decisão de verticalizar a produção e construir uma planta industrial local foi ousada, mas necessária para dar vazão à colheita crescente.
O desafio maior, no entanto, sempre foi pensar à frente, investir em infraestrutura antes que o cenário ideal estivesse formado. A Serra Verde nasceu em um contexto em que a produção estadual ainda era pequena para suportar uma indústria de esmagamento de grande porte.
“Normalmente, essa indústria só se instala numa região onde ela tem cinco, seis vezes a necessidade de grãos que ela precisa. Isso ainda não era o caso de Roraima. Mas o grupo acreditou no potencial da terra e da expansão”, explica.
Sustentabilidade no Agro
Muito se fala sobre os impactos do agronegócio no meio ambiente, mas quem vive o dia a dia no campo garante que é possível produzir em larga escala com responsabilidade ambiental.
Para Felipe Falavinha, essa é uma realidade que já faz parte da rotina do setor. “O agronegócio é totalmente sustentável. Não faz sentido hoje em dia derrubar floresta para plantar. Até porque não precisa, existem áreas disponíveis,” afirma.
No estado de Roraima, por exemplo, o potencial de expansão agrícola é imenso, sem que seja necessário tocar em áreas de floresta nativa. “Roraima mesmo tem hoje perto de 2 milhões de hectares passíveis de plantio. Isso tudo sem precisar desmatar,” destaca Felipe.
A sustentabilidade, segundo ele, vai muito além da preservação das florestas. Passa também pelo uso consciente dos recursos e pela adoção de boas práticas no manejo da terra.
“A gente só tem que preservar os cursos d’água, ter o cuidado na hora de usar os defensivos agrícolas da forma correta. Fazendo tudo isso, o agro é sim um exemplo de produção responsável.”
Conexão Internacional: Roraima e a Guiana unidas pelo agronegócio
A Agroindustrial Serra Verde não apenas impulsiona o agronegócio dentro de Roraima, mas também se destaca além das fronteiras brasileiras. Um dos maiores exemplos disso é a parceria sólida com a Guiana, um dos principais mercados internacionais atendidos pelo grupo.
“É um braço forte nosso,” afirma Felipe Falavinha, com orgulho da parceria entre Roraima e guiana. Ele ainda destaca que o grupo tem um parceiro na Guiana que hoje leva perto de 3.000 toneladas de farelo todos os meses para o país vizinho.
Esse volume expressivo transformou a operação com a Guiana em um dos primeiros e mais importantes negócios internacionais da Serra Verde.
“Foi um dos primeiros negócios internacionais. Mas, como eu falei, a gente já chegou até no Egito, né? Já chegou em Cuba, os países do Caribe de uma forma geral”, ressalta Felipe.
A presença da Serra Verde na Guiana é tão forte que, atualmente, o grupo responde por quase toda a demanda do país por farelo de soja, um insumo essencial para a produção de proteína animal.
“Nós atendemos praticamente todo o consumo do Suriname hoje, e perto de 80, 85% do que a Guiana consome de farelo,” destaca Felipe.
Esse farelo, produzido em Roraima, está presente diretamente na alimentação de frangos e galinhas poedeiras guianenses. “O guianense hoje come farelo de Roraima. Come frango produzido com farelo de Roraima. E não só o frango, mas como o ovo também.”
No fim das contas, tudo se conecta: soja se transforma em farelo, que vira ração, que vira proteína animal, carne, leite, ovos. “Tudo nutre essa composição, né? É proteína vegetal que se transforma em proteína animal”, conclui Felipe.
A entrevista completa com o representante da Agroindustrial Serra Verde, Felipe Falavinha, vai ao ar nesta quinta-feira, 24, a partir das 17h no canal oficial do podcast Papo M3 Realidades.
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Por: M3 Realidades