
Investigação mostra que empresário recebeu R$ 53,5 milhões de entidades e repassou parte dos valores a servidores e familiares ligados à cúpula do INSS. Foto: Reprodução/ Internet
Última modificação em 30 de abril de 2025 às 09:11
Identificado como Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS” é apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos principais facilitadores de um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS.
De acordo com a PF, ele teria recebido R$ 53,58 milhões de entidades associativas e intermediárias ligadas ao esquema. As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo. Entre 2023 e 2024, Antônio Carlos teria repassado R$ 9,3 milhões a pessoas ligadas a servidores do Instituto Nacional do Seguro Social.
Antônio Carlos foi um dos alvos da Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril pela PF. O inquérito aponta que ele utilizava uma rede de empresas e pessoas físicas para movimentar os valores de forma coordenada, com o uso de mecanismos financeiros complexos.
Segundo a apuração, o “Careca do INSS” oferecia serviços de “consultoria” a entidades que descontavam mensalidades de aposentados — muitas vezes sem o consentimento dos beneficiários. Ele é sócio de 21 empresas, sendo que 19 delas foram abertas a partir de 2022.
As investigações também revelam que Antônio Carlos pagou R$ 7,54 milhões a Virgílio de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS; R$ 1,46 milhão a André Fidelis, ex-diretor de Benefícios; e R$ 313 mil a Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança. Todos os três são suspeitos de envolvimento no esquema.
Segundo o Ministério Público Federal, há fortes indícios de que associações estão realizando — e ainda realizam — descontos indevidos nos benefícios de milhares de aposentados e pensionistas, resultando em enriquecimento ilícito, corrupção, violação de sigilo funcional e formação de organização criminosa.
Operação Sem Desconto
A PF informou que as fraudes começaram em 2019. Associações cadastravam aposentados sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades diretamente dos benefícios pagos pelo INSS. O prejuízo estimado pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
As investigações indicam que a cúpula do INSS, liderada por Alessandro Stefanutto, teria tomado medidas para manter o esquema em funcionamento, em troca de propina. Stefanutto e cinco servidores foram afastados após o relatório da PF.
Entre os principais envolvidos, estão:
- Virgílio de Oliveira Filho (ex-procurador-geral do INSS)
- André Paulo Fidelis (ex-diretor de Benefícios)
- Alexandre Guimarães (ex-diretor de Governança)
Juntos, os três teriam recebido pelo menos R$ 17 milhões entre 2022 e 2024. Alexandre Guimarães nega ter recebido qualquer valor de forma ilícita, e a defesa de Stefanutto afirma que ele é inocente. Os demais citados não responderam aos pedidos de esclarecimento.
Fonte: Folha de São Paulo/ O Antagonista
Por: M3 Comunicação