
Ademir dos Santos, presidente da Fecomércio-RR. Foto: M3 Comunicação
O episódio #11 do podcast Papo M3 Realidades vai ao ar nesta quinta-feira (17) e traz como convidado o presidente da Fecomércio-RR, Ademir dos Santos.
Ele é o terceiro entrevistado de uma série de bate-papos durante o mês de abril, que vai abordar temas relacionados à economia.
A história de Ademir dos Santos
Ademir dos Santos carrega no peito a identidade de vendedor e empreendedor desde a infância. Nascido em Catalão (GO), ele lembra com orgulho da origem simples.
“Meu pai era sapateiro e minha mãe dona de casa. Sempre tive o sangue de empreendedor, mas principalmente o de vendedor”, conta.
Foi aos 12 anos que a vida começou a tomar rumo. Com o apoio da mãe, mudou-se para Anápolis (GO), para morar com uma tia e um tio árabe, comerciante. “Ali começou minha saga. Com eles, aprendi tudo sobre a vida e sobre negócios”, relembra Ademir.
A história de viagens pelo Brasil o levou a Manaus, em 1977. “Na época, a gente ouvia que a Amazônia era o fim do mundo. Mas Manaus já era uma metrópole, e ali passei seis anos trabalhando.”
Em busca de um lugar mais tranquilo para empreender e criar raízes, conheceu Boa Vista e foi amor à primeira vista, então resolveu trazer sua esposa para conhecer a cidade e decidiram ficar.
Foi quando ele fundou sua primeira empresa nos anos do garimpo, viveu os altos e baixos de uma sociedade comercial, e reinventou-se após uma separação empresarial. Criou uma nova empresa de representação comercial, a mesma que mantém até hoje, há mais de três décadas. “Como diz um amigo meu: com o mesmo CNPJ.”
Apesar de todos os desafios, foi a decisão de ficar em Roraima que mudou tudo. “Passei três anos pensando em voltar para Goiás. Morava de aluguel, não plantava nem uma árvore. Mas quando decidimos ficar, tudo começou a acontecer.”
Hoje, ao olhar para trás, ele tem certeza do caminho trilhado e é grato a Roraima por todas as oportunidades em sua vida. “Sou de Goiás porque nasci lá do lado da minha mãe, mas sou roraimense de coração”, enfatiza com orgulho.
Sua trajetória na Fecomércio
O atual presidente da Fecomércio Roraima, Ademir dos Santos, está à frente da instituição desde 2016, ele conta que não planejava ocupar o cargo mais alto, mas uma reviravolta inesperada mudou os rumos de sua trajetória dentro do Sistema S, após o falecimento do então presidente, Airton Dias.
“Na verdade, foi uma fatalidade. Não era meu sonho de consumo ser presidente da Federação”, conta. Na época, Ademir ocupava a vice-presidência e, diante da vacância repentina, teve que tomar uma decisão rápida.
“Eu tinha duas opções: ou assumia ou pedia para sair e passava para o próximo. Em comum acordo com minha família, minha esposa e meus filhos, decidimos: eu vou assumir. Mas vou assumir com responsabilidade, com todos os ‘jobs’ e todas as garantias de fazer um bom trabalho.”
Em 2018, foi eleito por unanimidade para um novo mandato e, em 2022, foi reeleito para o período de 2022 a 2026, em eleição com chapa única.
Desde então, sua trajetória à frente da entidade tem sido marcada por iniciativas voltadas ao fortalecimento do setor comercial e à melhoria das condições de trabalho no estado.
“A gente tem feito muita diferença. Ampliamos o alcance das nossas entidades sociais, como o Sesc e o Instituto Fecomércio. O Senac tem avançado na formação profissional e levamos o sistema para o interior do estado”, destaca.
Maior desafio
Para Ademir dos Santos, um de seus maiores desafios enfrentado em sua gestão até agora foi assumir o Sesc e o Senac. Para ele, a mudança representou uma verdadeira virada de chave em sua trajetória na entidade.
“Esse foi o maior desafio porque eu estava muito ligado à Federação e o Sesc e o Senac eram o Dias que tomava conta, e eu não tinha muito conhecimento”, conta.
Ao assumir a gestão dos braços sociais do Sistema S, Ademir enfrentou não apenas uma nova estrutura administrativa, mas também um modelo legal e operacional completamente diferente do que conhecia na Federação do Comércio.
“A gente tem uma legislação sobre Sesc e Senac completamente diferente da Federação”, explicou.
Essa complexidade legal e burocrática não o impediu de traçar um caminho claro e investir em uma gestão sólida e com base na confiança e com a prioridade de montar um time capacitado.
A mudança de comando coincidiu com um momento de crescente demanda por qualificação profissional e fortalecimento da área social, papéis centrais do Sesc e do Senac. Para lidar com esse cenário, Ademir apostou no equilíbrio entre responsabilidade e inovação.
“Primordialmente, foi escolher as pessoas certas. Nós não fizemos alteração brusca, eu fui entender como funcionava. A prioridade foi aprender e montar um time capacitado”, ressaltou.
Expansão do comércio em Roraima
A expansão do comércio em Roraima nas últimas décadas tem uma origem clara para Ademir dos Santos: a implementação da Área de Livre Comércio (ALC) de Boa Vista, em 2008. Segundo ele, a medida foi um divisor de águas para o setor, que antes enfrentava dificuldades severas para competir com mercados vizinhos, como a Venezuela e o Amazonas.
“O comércio em Roraima, logo que a gente começou a atuar mais efetivamente junto da Federação, vivia uma concorrência desleal. O consumidor preferia ir à Venezuela ou a Manaus comprar desde material de limpeza até roupas e itens de construção”, relembra.
Segundo ele, o estado vivia o que chamou de “economia de contracheque”, muito dependente do salário do funcionalismo público. “No fim do mês, o servidor recebia e ia fazer compras fora. Nós assistíamos essa passagem de renda para fora do estado, sem ter como competir”, conta.
Diante desse cenário, a Fecomércio e outras lideranças passaram a articular a criação de mecanismos que pudessem equilibrar a competitividade do comércio local. Mas havia um entrave jurídico, os acordos do Mercosul proibiam a criação de novas áreas de livre comércio. A saída encontrada foi estratégica.
“Como já existiam duas ALCs em Roraima — em Bonfim e Pacaraima — surgiu a ideia de transferir uma delas para Boa Vista. Não era a criação de uma nova, mas uma realocação, e assim conseguimos centralizar e dar mais força econômica à capital”, explicou.
Para Ademir, os impactos dessa mudança foram imediatos e visíveis. “Eu costumo traçar um paralelo entre o comércio antes e depois da área de livre comércio. Em 2008, tínhamos cerca de 13.800 funcionários com carteira assinada no comércio. Hoje, esse número passou para 67 mil.”
Outro indicador citado por ele é a arrecadação de ICMS do estado, que teve um salto expressivo no mesmo período. “A arrecadação era de cerca de 300 milhões por ano, hoje a gente fala em 4 bilhões de reais. Isso mostra o quanto o comércio se fortaleceu”, destaca.
Apesar dos avanços, Ademir faz questão de lembrar que ser empresário em Roraima continua sendo um desafio diário. “Você não tem ideia da dificuldade. Tem a logística, a instabilidade — seca o rio, não tem transporte, rompe estrada. Todo dia é uma luta. Mas mesmo assim, o setor cresce”, afirma.
Com a experiência de quem também já atuou como representante comercial, ele enxerga o fortalecimento do comércio como resultado de uma longa batalha coletiva. “Trabalhamos muito para garantir incentivos, para equilibrar o jogo. Ser empresário no Brasil já é difícil. Em Roraima, mais ainda. Mas com união, conseguimos avançar.”
A entrevista completa com o presidente da Fecomércio-RR, Ademir dos Santos, vai ao ar nesta quinta-feira, 17, a partir das 17h no canal oficial do podcast Papo M3 Realidades.
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Por: M3 Realidades