
Essas informações fazem parte do primeiro módulo do programa "Mais Dados Mais Saúde". Foto: Reprodução
Última modificação em 25 de abril de 2025 às 11:00
Uma pesquisa conduzida por organizações da área de saúde pública aponta que 62,3% dos brasileiros que necessitaram de atendimento médico na Atenção Primária à Saúde (APS) no último ano não buscaram ajuda profissional.
Esse dado reflete uma realidade preocupante de acesso limitado aos serviços de saúde, tanto no SUS quanto na rede privada, e destaca o risco do agravamento de condições de saúde que poderiam ser tratadas de forma precoce.
Essas informações fazem parte do primeiro módulo do programa “Mais Dados Mais Saúde”, desenvolvido pelas organizações Vital Strategies e Umane, com o apoio técnico da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da parceria do Instituto Devive, além da colaboração da organização internacional Resolve to Save Lives. O programa visa fortalecer as políticas públicas por meio da geração de dados atualizados e representativos sobre o sistema de saúde brasileiro.
Além de identificar o alto índice de pessoas que não procuraram atendimento médico apesar da necessidade, o estudo também revelou os principais fatores que influenciam essa decisão. Os entrevistados podiam citar mais de uma razão para a escolha.
Por que os brasileiros não procuram atendimento médico?
- Superlotação e demora no atendimento: 46,9%
- Burocracia no encaminhamento: 39,2%
- Prática da automedicação: 35,1%
- Crença de que o problema não era grave: 34,6%
A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas online, conduzidas entre agosto e setembro de 2024, com 2.458 adultos de 18 anos ou mais, de todas as regiões do país. A amostragem foi calibrada com base nos dados do Censo 2022 e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019.
De acordo com os organizadores, a metodologia digital permitiu uma coleta rápida e de baixo custo, realizada em apenas 14 dias, e pode ser um modelo eficaz em situações emergenciais, como epidemias.
Outro dado relevante do levantamento foi que muitos brasileiros que tentaram acessar os serviços de saúde não conseguiram. Para os autores do estudo, isso reflete a sobrecarga e as falhas estruturais do sistema, desestimulando a população a buscar atendimento.

Por que quem procura nem sempre consegue ser atendido?
- Tempo de espera muito longo: 62,1%
- Falta de equipamentos adequados: 34,4%
- Falta de profissionais capacitados: 30,5%
- Falta de atenção durante o atendimento: 29%
Apesar das dificuldades, a pesquisa também abordou a percepção dos usuários sobre a qualidade dos atendimentos recebidos em consultas recentes. A maioria dos entrevistados avaliou positivamente a relação com os profissionais de saúde, especialmente em aspectos relacionados ao respeito e à comunicação.
Como os usuários avaliam as consultas?
- Respeito à privacidade e confidencialidade: 79,2% consideraram regular ou muito bom
- Compreensão das explicações fornecidas: 75,1%
- Confiança no profissional de saúde: 67,8%
- Oportunidade para questionar e expor preocupações: 64,4%
- Participação nas decisões sobre o tratamento: 59,8%
- Tempo de duração da consulta: 56,3%
Por outro lado, dois pontos receberam críticas significativas:
- Tempo de espera antes do atendimento: 57,6% avaliaram negativamente
- Facilidade de encaminhamento para outros serviços: 51,5% consideraram ruim ou péssimo
Na opinião de Thais Junqueira, superintendente-geral da Umane, a Atenção Primária à Saúde precisa ser estruturada de maneira a garantir que a maioria das questões de saúde da população sejam tratadas antes que se tornem mais graves. Para ela, melhorar o acesso é essencial para um sistema de saúde mais “eficiente e resolutivo”.
A metodologia digital utilizada na pesquisa também foi destacada pelos organizadores. Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies, ressaltou que essa abordagem totalmente online permite respostas rápidas e representativas para situações emergenciais.
Ele acredita que essa estratégia será fundamental para análises em intervalos menores de tempo, especialmente durante epidemias, contribuindo para a tomada de decisões e o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes.
Fonte: Mais Dados Mais Saúde
Por: M3 Comunicação