
A Flórida depende do Brasil não só para suprir sua demanda por suco de laranja, mas também para o setor aeroespacial. Foto: BeFunky
Última modificação em 17 de julho de 2025 às 09:44
A já fragilizada economia da Flórida, especialmente sua tradicional indústria de cítricos, entrou em turbulência após um episódio recente envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente americano Donald Trump. Uma troca de declarações entre os dois líderes resultou em tensões diplomáticas que agora geram impactos econômicos concretos no estado norte-americano.
Em resposta a críticas feitas por Trump sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula reagiu publicamente com um discurso firme, o que provocou um contra-ataque imediato: o anúncio de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. A medida afeta diretamente as importações que abastecem o mercado da Flórida — com destaque para o suco de laranja, item essencial para a economia agrícola local.
Segundo o jornal The Palm Beach Post, o efeito será sentido em toda a cadeia produtiva: do produtor ao consumidor final.
“Com o aumento dos custos, é inevitável que o preço final suba. Ao mesmo tempo, os processadores também saem perdendo, já que sem o volume vindo do Brasil, não conseguem manter a rentabilidade”, afirmou Malek Hammami, pesquisador do Tropical Research & Education Center, em Homestead.
A citricultura da Flórida já enfrenta uma crise há décadas. Desde 2003, a produção de laranja no estado caiu 92%, afetada por pragas, eventos climáticos extremos e abandono das lavouras. Empresas icônicas como a Alico Inc. deixaram o setor agrícola e passaram a investir em imóveis.
Agora, com a imposição das tarifas, o risco de colapso é ainda maior. Especialistas em relações internacionais avaliam que a resposta de Lula foi vista como “dura e desnecessária”, colocando em risco uma relação comercial estratégica. A Flórida depende do Brasil não apenas na área agrícola, mas também em setores como o aeroespacial, que movimenta cerca de US$ 5 bilhões por ano e emprega mais de 21 mil pessoas no estado.
Ainda assim, o presidente brasileiro optou por endurecer o tom, acusando Trump de desrespeitar a soberania nacional. O resultado prático, no entanto, pode recair sobre os ombros do trabalhador americano, e não sobre o governo federal do Brasil.
A crise também ganha contornos políticos. A Flórida é um dos estados-chave no cenário eleitoral dos Estados Unidos e base de apoio de Donald Trump. O resort de luxo Mar-a-Lago, em Palm Beach, virou símbolo de uma nova batalha — econômica e eleitoral — que pode se intensificar nos próximos meses.
Por: M3 Comunicação