
Mari está envolvida com o flag football há 11 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Última modificação em 17 de março de 2025 às 16:32
No mundo do esporte, algumas trajetórias se destacam não apenas pelo talento, mas pela dedicação e o impacto que deixam. Mariana Cavalcante, capitã do time Boa Vista Nornas de Flag Football, é um exemplo disso.
Com 11 anos de história no esporte, ela viu o time crescer, superar desafios e colocar Roraima no mapa do futebol de bandeira nacional.
O primeiro contato com o Flag Football
Mariana sempre foi apaixonada por esportes. Começou no handebol, passou por modalidades como balé e natação, até encontrar o flag football ao entrar na universidade, em 2014.
“Fui convidada por um colega que sabia do meu histórico no esporte. Na época, os treinos eram aos sábados e isso encaixou perfeitamente na minha rotina. Quando percebi, já estava completamente envolvida”, relembra.
Naquele momento, o Boa Vista Nornas ainda era um projeto. A equipe nasceu de uma iniciativa do time masculino Nordic, que queria incluir mulheres no esporte. Desde então, o flag football tornou-se parte essencial da vida de Mariana.

O que torna o Flag Football especial?
Para ela, o grande diferencial do flag football é a inclusão e a estratégia. “No flag, todos têm espaço. Não importa sua altura ou biotipo, você encontra uma posição onde pode render bem.
Além disso, é um jogo extremamente inteligente. Como não há contato físico como no futebol americano tradicional, você precisa ser rápido, estratégico e atento o tempo todo.”
Desafios e falta de visibilidade
Apesar da paixão pelo esporte, Mariana enfrenta dificuldades para manter o time competitivo. “O maior obstáculo é a falta de visibilidade. Empresas preferem patrocinar um time de futebol de série Z do que um time de flag, mesmo quando estamos entre os melhores do país”, explica.
A ausência de apoio financeiro é sentida em todos os aspectos. Desde a compra de materiais esportivos até a participação em campeonatos, os custos são arcados pelas próprias atletas.
“Para viajar e competir, cada uma parcela as passagens em 10 vezes. E assim seguimos.”
A evolução do esporte no Brasil e em Roraima
Apesar das dificuldades, Mariana percebe um crescimento do flag football no Brasil e em Roraima. “O esporte está ganhando espaço, especialmente depois que se tornou olímpico para os Jogos de 2028. Em 2022, o Brasil ficou em quarto lugar no mundial, um salto enorme considerando que ficamos em último na primeira participação, em 2012.”
No estado, a criação de novos times femininos mostra a crescente adesão ao esporte. Em 2024, surgiu o time Medusas, aumentando a competitividade local.

O papel da mulher no Flag Football
Mariana também fala sobre as barreiras que as mulheres ainda enfrentam no flag football. “Embora o esporte tenha começado com as mulheres, os times masculinos cresceram mais rápido. Existe uma visão de que os homens são melhores porque são fisicamente mais fortes, mas conheço equipes femininas que venceriam times masculinos tranquilamente.”
Ela destaca que, no cenário local, há um respeito pela história das Nornas. “Fomos o primeiro time feminino, sempre estivemos em competições nacionais e tivemos atletas convocadas para a seleção brasileira. Isso nos dá um status de referência.”
Conquistas e planos para o futuro

Um dos momentos mais marcantes da carreira de Mariana foi quando as Nornas conquistaram a vaga para a semifinal do Campeonato Brasileiro, em 2022.
“Foi um jogo muito intenso e decidido nos últimos segundos. Quando o jogo acabou, a gente se olhou e começou a chorar. Foi uma conquista histórica, porque nenhum time de Roraima tinha chegado tão longe antes.”
Agora, seu foco é ampliar o impacto do esporte no estado. Como presidente da Federação de Flag Football de Roraima, ela quer fortalecer a modalidade e criar oportunidades para novas atletas.
Entre os projetos, destaca o “Tecendo o Futuro”, que visa ensinar flag football para crianças de 12 a 14 anos. “Queremos transformar vidas através do esporte. Ele é uma ferramenta poderosa de inclusão e aprendizado.”
Uma inspiração para outras mulheres

Para as mulheres que desejam ingressar no flag football, Mariana tem um recado direto: “Bora! Todo mundo é capaz. No nosso time, valorizamos as habilidades de cada jogadora e encontramos a melhor função para ela. Se tem vontade, vem treinar e se jogar no esporte.”
O trabalho das Nornas pode ser acompanhado pelo Instagram (@boavistanornas), onde também há informações para quem quer fazer parte do time.
Por: Papo M3 Realidades
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