
Irlan Guimarães, cantor e compositor de enredos juninos. Foto: M3 Comunicação Integrada
O episódio #17 do podcast Papo M3 Realidades vai ao ar nesta quinta-feira (29) e traz como convidado Irlan Guimarães, cantor e compositor de enredos juninos.
No bate-papo, ele falou sobre sua trajetória artística, as inspirações para compor músicas voltadas ao universo das festas juninas e a importância cultural dos festejos para Roraima.
O início de sua relação com a música
Irlan relembra como a música entrou em sua vida ainda na infância, dentro do ambiente religioso, ele conta que começou a cantar aos oito anos, na liturgia da Igreja Católica de uma forma inusitada.
“Não tinha ninguém para animar a missa, e o padre me perguntou se eu sabia cantar. Eu disse que não, mas aceitei tentar. Peguei o microfone tremendo, morrendo de medo, e vi que dava certo”, contou o artista, ao relembrar o momento que marcou o início de sua jornada musical.
Mas foi apenas em 1993 que ele começou a trilhar um caminho mais profissional, quando organizou um festival no pátio da Igreja de São Francisco, em Boa Vista. A ideia era reunir músicos das comunidades para um evento cultural com apresentações ao vivo.
“Naquele tempo eu não tinha nenhuma experiência com música, só vontade de cantar. Criei um festival dentro da igreja, chamei músicos de várias comunidades, e cada um cantava uma música. Foi ali que começou minha vontade de ser um artista da noite”, explicou Irlan.
O festival não teve continuidade nos anos seguintes, mas serviu como um divisor de águas na trajetória artística do cantor, que mais tarde se dedicaria à música junina, tornando-se referência no estado de Roraima.
Da igreja para o arraial: Irlan Guimarães relembra início com quadrilhas juninas
A paixão pela música levou Irlan Guimarães para muitos caminhos, mas um dos mais marcantes foi o das quadrilhas juninas.
Ainda na década de 1980, enquanto atuava com bandas e projetos musicais na Igreja de São Francisco, ele decidiu criar uma quadrilha junina dentro da própria comunidade religiosa. O ano era 1983, e a iniciativa daria início a uma nova vertente na carreira do artista.
“Montei uma quadrilha na Igreja de São Francisco para participar de um festival entre igrejas. Chamei amigos, reuni 20 pares e começamos a ensaiar. Ficamos em segundo lugar, mas o que valeu mesmo foi o espírito do concurso. Aquilo me despertou: ‘Está faltando alguma coisa’. Foi aí que decidi compor uma música para a minha quadrilha”, contou.
A quadrilha criada por Irlan recebeu o nome de São Chicão, uma homenagem irreverente ao padroeiro da igreja.
“Botei o nome de São Chicão porque soava mais caipira do que São Francisco. Soava mais com a alma da festa. Foi nessa época que surgiu minha primeira composição para quadrilha. Posso dizer que, talvez, a primeira música de enredo junino feita aqui em Roraima tenha sido essa”, lembrou com orgulho.
O projeto, que começou de forma despretensiosa, evoluiu com o tempo e acabou influenciando outras quadrilhas da região, além de abrir caminho para o surgimento de composições autorais voltadas ao universo junino, um marco importante para a cultura popular roraimense.
A essência do enredo: o que não pode faltar na música de quadrilha
Ao longo de sua trajetória com as festas juninas e a criação de enredos para quadrilhas, Irlan Guimarães desenvolveu um estilo próprio de compor, sempre com raízes profundas na cultura popular nordestina e no simbolismo do São João. Para ele, certos elementos são indispensáveis para dar alma a uma música de quadrilha.
“Tem que puxar para o Nordeste, né? Baião, forró, amor, São João. São palavras-chave. E a comida nordestina também não pode faltar: tem que ter a canjica, a pamonha. Isso tudo ajuda a contar a história, a criar o clima da festa”, explica o artista.
Mas não é só o que se inclui que faz diferença, segundo Irlan, o cuidado com o que se escolhe deixar de fora também é essencial. Ele destaca a importância de manter um conteúdo respeitoso e consciente, especialmente diante de tendências da música popular que, para ele, às vezes se afastam desse ideal.
“Hoje, infelizmente, a música popular brasileira tem certos excessos. Eu prefiro trazer os enredos para um lado mais consciente, mais poético, mais representativo da nossa cultura e da nossa história”, completa.
O compromisso de Irlan com a valorização das tradições e da identidade regional o tornou uma das principais vozes do movimento junino em Roraima. Suas composições não apenas animam os arraiais, mas também preservam e celebram um patrimônio cultural que atravessa gerações.
A entrevista completa vai ao ar nesta quinta-feira, 29 de maio, a partir das 17h no canal oficial do podcast Papo M3 Realidades.
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Por: M3 Comunicação Integrada