
Arthur Rosa e Beatriz Andrade, integrantes da Eita Junino. Foto: M3 Comunicação
Última modificação em 12 de junho de 2025 às 16:44
O episódio #19 do podcast Papo M3 Realidades vai ao ar nesta quinta-feira (12) e traz uma conversa animada com Arthur Rosa e Beatriz Andrade, integrantes da quadrilha Eita Junino, grande campeã do grupo especial do Arraial Boa Vista Junina 2025.
No bate-papo, Arthur e Beatriz compartilharam os bastidores da vitória, a emoção de subir ao palco, os desafios enfrentados durante os ensaios e o orgulho de representar a cultura junina roraimense.
Eles também falaram sobre o processo criativo do espetáculo que teve como tema “A Arte de quem vive da Fé”, que encantou o público e garantiu o título ao grupo.
A história da Eita Junino
A quadrilha Eita Junino carrega uma trajetória marcada por tradição, paixão e um toque de espontaneidade. Em entrevista ao podcast Papo M3 Realidades, Arthur Rosa, integrante e atual noivo da quadrilha, relembrou como nasceu o grupo que hoje é referência no cenário junino de Roraima.
Segundo Arthur, a Eita Junino é fruto da união de integrantes de duas antigas quadrilhas locais: a Zé Monteiro, ainda em atividade, e a São Chicão, liderada por Irlan Guimarães — um dos grandes intérpretes e compositores do movimento.
“A Eita é fruto de duas quadrilhas: a Zé Monteiro e a São Chicão, que era a quadrilha do Irlan Guimarães, uma das vozes marcantes da Eita. Inclusive, a música ‘Sempre com Amor’, que foi tema do nosso último título em 2018, tem a voz dele e é uma das nossas preferidas até hoje”, contou Arthur.
A criação do grupo aconteceu em 1998, após o encerramento das atividades da São Chicão. Quatro jovens decidiram que não era hora de parar. Eles queriam continuar inovando nas quadrilhas juninas e buscavam algo diferente do que já haviam vivido nos antigos grupos.
Durante uma reunião informal no quintal de uma casa, enquanto discutiam qual seria o nome da nova quadrilha, o destino interveio de maneira curiosa.
“O sobrinho do Ronaldo, o Juninho, passou correndo, tropeçou numa raiz e caiu. O Ronaldo gritou: ‘Eita, Juninho!’. Aí alguém disse: ‘Eita Juninho? Olha aí o nome da quadrilha!’. Depois a gente só ajustou pra ‘Eita Junino’ e ficou. Foi assim, do nada, no improviso”, relembra Arthur.

A fé, a arte e a superação que levaram a quadrilha ao topo em 2025
Arthur Rosa, atual noivo da Euta Junino, também contou como nasceu o enredo vencedor que levou o grupo a conquistar o título de campeão do Arraial Boa Vista Junina 2025. Com o tema voltado para a valorização dos artesãos da arte sacra, a apresentação emocionou o público e os jurados, unindo fé, cultura e resistência.
A ideia partiu do projetista Zé Emerson, de Campina Grande (PB), que, segundo Arthur, acreditava desde o início que esse seria o tema ideal para o grupo.
“Esse tema é do nosso projetista Zé Emerson, lá de Campina Grande. Desde o começo, ele dizia que esse era o tema da Eita mesmo, porque a Eita é uma quadrilha de muita superação. E esse enredo representava a gente”, explicou Arthur.
O espetáculo prestou homenagem aos artesãos que, com suas mãos, criam imagens, terços, oratórios e outros objetos de fé, muitas vezes sem o devido reconhecimento. A quadrilha levou para o palco a vida dura, mas cheia de significado desses artistas invisíveis, que sobrevivem da arte e da espiritualidade.
“Homenagear os artesãos das artes sacras é a cara da Eita Junino. Porque nós, quadrilheiros, vivemos da arte também. Muitos tiram o sustento dos figurinos, das canções. E ser artista no Brasil já é difícil, imagina artesão. Então a gente quis trazer essa valorização para o palco, mostrar que a fé também se constrói com as mãos desses artistas”, destacou.
Beatriz Andrade, integrante da quadrilha, contou como os dançarinos só descobrem o tema no decorrer dos ensaios, e como isso torna a experiência ainda mais intensa.
“Os brincantes não sabem o tema antes, é tudo uma surpresa. É tudo um evento, vocês não estão entendendo. Quando chegaram falando de ‘a arte de quem vive da fé’, eu fiquei assim, catando a minha cabeça. Pensei: a gente vai falar sobre o quê? A gente que vive da fé de quê?”, relembrou Beatriz, aos risos.
Segundo ela, a compreensão do enredo foi acontecendo aos poucos, conforme as peças, figurinos, coreografias e músicas, iam se encaixando. E foi só perto da reta final dos ensaios que a grandiosidade do tema e da proposta artística realmente se revelaram para os brincantes.
“Depois que foram explicando e a quadrilha começou a tomar forma, foi aí que deu o estalo na minha mente. Eu falei: ‘Pô, agora eu tô sentindo que vai’. E foi mesmo. Foi lindo. Foi emocionante”, disse.

Eita Junino se prepara para representar Roraima no Concurso Nacional de Quadrilhas 2025
Após conquistar o título de campeã do grupo especial do Arraial Boa Vista Junina 2025, a quadrilha Eita Junino se prepara para o próximo desafio: representar o estado de Roraima no Concurso Nacional de Quadrilhas Juninas, que este ano será realizado em Canaã dos Carajás, no Pará.
A expectativa é grande entre os integrantes do grupo, que vão enfrentar as melhores quadrilhas de cada estado brasileiro em uma competição marcada por emoção, criatividade e alto nível técnico.
“Eu, particularmente, fico muito mais ansiosa quando é nacional”, Beatriz. “Imagina, cada estado vai levar sua melhor quadrilha, e todas elas são campeãs. A pressão em cima da gente é enorme.”
A logística para levar toda a estrutura até o Pará é um desafio à parte. Além dos brincantes, a quadrilha contará com a presença da equipe de apoio, figurinos, cenários e ornamentações, tudo sendo transportado por terra e via fluvial.
“Vai todo mundo: equipe de apoio, todos os casais da quadrilha. A gente ainda está vendo se dá pra ampliar a quantidade de casais. É uma preparação intensa em pouco tempo. As ornamentações já começam a descer no final dessa semana de carreta para Canaã. São dias de estrada, depois balsa, até chegar lá”, explicou Arthur.
A entrevista completa vai ao ar nesta quinta-feira, 12 de junho, a partir das 17h no canal oficial do podcast Papo M3 Realidades.
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Por: M3 Comunicação