
De acordo com o estudo, cerca de 77,8% das mercadorias enviadas aos EUA enfrentam algum tipo de sobretaxa. Foto: Reprodução
Última modificação em 11 de agosto de 2025 às 11:16
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que grande parte dos produtos industrializados exportados pelo Brasil aos Estados Unidos — principal destino internacional da indústria de transformação brasileira — está sujeita a tarifas adicionais, reflexo de medidas protecionistas adotadas ainda durante o governo de Donald Trump.
De acordo com o estudo, cerca de 77,8% das mercadorias enviadas aos EUA enfrentam algum tipo de sobretaxa, incluindo tarifas específicas como 10%, 40% e as previstas na Seção 232 do Trade Expansion Act, que estabelece alíquotas de 25% e 50%. Essas medidas afetam diretamente segmentos como aço, alumínio, cobre, veículos e autopeças.
Os setores mais prejudicados com a incidência da tarifa de 50% incluem:
- Vestuário e acessórios (14,6%);
- Máquinas e equipamentos (11,2%);
- Produtos têxteis (10,4%);
- Alimentos (9%);
- Químicos (8,7%);
- Couro e calçados (5,7%).
A gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, alerta para o impacto econômico das tarifas extras. Segundo ela, um aumento adicional de 50% nas tarifas pode gerar perdas estimadas em R$ 20 bilhões no PIB nacional e comprometer cerca de 30 mil empregos na indústria.
A análise utilizou dados detalhados da United States International Trade Commission (USITC), com base em códigos tarifários de 10 dígitos, o que possibilitou a identificação precisa dos produtos atingidos por diferentes medidas protecionistas americanas.
Empresas brasileiras devem ter apoio emergencial
Diante do cenário, representantes da indústria brasileira defendem ações rápidas para proteger as empresas exportadoras. Para José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as medidas que vêm sendo estudadas para apoiar o setor são tão relevantes quanto aquelas tomadas durante a pandemia da covid-19.
“As propostas em elaboração são fundamentais para assegurar a sobrevivência das empresas. Elas envolvem desde acesso a capital de giro e linhas de crédito até ajustes tributários e trabalhistas”, afirma Velloso. O setor de máquinas e equipamentos é responsável por cerca de 20% dos US$ 18 bilhões em exportações afetadas pelas restrições norte-americanas.
Ainda segundo Constanza Negri, embora haja exceções nas tarifas para alguns bens do setor de máquinas, essas isenções se aplicam apenas a produtos usados na aviação civil. “Mesmo com a lista de isenções, diversos itens continuam sendo tributados em até 50%. E vale lembrar que o setor já enfrentava uma alíquota de 10% desde abril”, explica.
CNI propõe medidas para minimizar impactos
Como forma de mitigar os prejuízos, a CNI apresentou ao governo brasileiro uma lista com oito sugestões voltadas ao alívio emergencial das empresas exportadoras. Entre as propostas estão:
- Criação de linhas de crédito com juros reduzidos;
- Ampliação dos prazos para fechamento de câmbio;
- Autorização para exportação com preços abaixo do mercado (antidumping);
- Prorrogação do pagamento de tributos federais;
- Retomada do Programa Seguro-Emprego (PSE).
“O objetivo é preservar a competitividade das nossas empresas no mercado internacional, proteger empregos e garantir a continuidade das exportações em um ambiente global marcado pela instabilidade”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Fonte: Brasil 61
Por: M3 Comunicação