
Comércio deve sentir impacto devido ao aumento do dólar. Foto: Jackson Souza / Portal BV
Última modificação em 11 de julho de 2025 às 10:08
Na última quarta-feira, 9, o presidente norte americano Donald Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que anuncia a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano. Segundo Trump, as tarifas passam a valer a partir do dia 1º de agosto.
Desde o anúncio, vários setores da economia, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A imposição da taxa afeta diversos produtos brasileiros, como por exemplo, exportadores de petróleo, de aço, café e carne bovina, produtos que lideram as vendas do Brasil para os EUA. As exportações de suco de laranja e de aeronaves também podem ser fortemente impactadas.
O impacto afeta o país inteiro de forma direta e, por consequência, afeta também Roraima.
Outra preocupação no Brasil é a inflação. O mercado financeiro reagiu mal à nova taxa e o dólar subiu forte nas horas seguintes ao anúncio de Trump. Segundo o economista roraimense Claudio Oliveira, esse aumento é o principal impacto que deve ser sentido pelo consumidor roraimense.
“A alta do preço desses produtos aqui em Roraima evidentemente vem em consequência disso né”, aponta o economista. Ainda de acordo com Oliveira, o valor de alguns produtos normalmente já é mais elevado no Estado devido às dificuldades logísticas de fazer com que essas mercadorias cheguem ao roraimense.
Empresas também devem ser afetadas
O economista explica que os impactos acontecem de forma cíclica: primeiro as empresas de exportação seriam afetadas, por conta disso, a arrecadação nacional de tributos e impostos também teria queda, o que provocaria redução na circulação de valores monetários e retração na economia de forma geral mas, principalmente, nos estados onde as grandes empresas exportadoras estão sediadas.
Portanto, as empresas já devem começar a trabalhar em uma atitude estratégica para evitar ondas de demissão. “Então, vai gerar desemprego, consequentemente, a renda e isso diminui circulação de renda nesses nesses estados, automaticamente diminui também o produto arrecadatório, direto e indireto, até que se ache novos mercados para que esses produtos possam ser escoados”, explica Oliveira.
A boa notícia é que a curto prazo a taxação não deve afetar diretamente os mercados nacionais. Contudo, caso o governo não tome decisões estratégicas em busca de novos mercados ou entre em negociação diplomática com os Estados Unidos, os impactos a médio prazo vão começar a ser sentidos.
Preocupação com setor agropecuário
Um dos principais afetados em todo o Brasil será o setor do agro, em Roraima não deve ser diferente. A Associação Brasileira das Exportadoras de Carne disse, em uma declaração, que o aumento da tarifa atrapalha o comércio e afeta negativamente o setor produtivo.
A avaliação do setor é de que as vendas de carne de boi aos americanos vão ficar praticamente “inviáveis” se não houver negociação. E a tendência é que os frigoríficos brasileiros se direcionem para outros mercados internacionais, como o asiático.
Contudo, o mercado cafeeiro não deve conseguir redirecionar sua produção tão facilmente, o que pode provocar perda do Produto Interno Bruto.
Posicionamento de Lula
O presidente Lula participou de entrevistas no Jornal da Record e Jornal Nacional nesta quinta-feira, 10, e afirmou que o Brasil deve ser respeitado e que há coisas que um governo não pode admitir, como a ingerência de um país na soberania de outro. A defesa, em conversas com as jornalistas Cristina Lemos e Delis Ortiz, se conecta ao anúncio da aplicação de taxas de importação.
“Vamos tentar fazer todo o processo de negociação. O Brasil gosta de negociar, não gosta de contencioso. E depois que se esgotarem as negociações, o Brasil vai aplicar a reciprocidade”, afirmou o presidente
Lula garantiu que pretende negociar com o governo norte-americano um acordo que evite essa medida. “Tudo no Brasil se resolve com diálogo e não ‘na base da pressão’, afinal o Brasil não tem contencioso com ninguém. O Brasil deve ser respeitado e essa é a hora de a gente mostrar isso. Exigimos isso. A relação entre dois Estados deve ser respeitosa”.
Fonte: Agência Brasil
Por M3 Comunicação