
Dezenas de adultos e crianças participaram da caminhada de conscientização do autismo promovida pela UPPA. Foto: M3 Comunicação Integrada
Última modificação em 3 de abril de 2025 às 09:45
Com ecoterapia, musicalização e muitas atividades durante a caminhada da União de Apoio ao Autista (UPPA) realizada na tarde desta quarta-feira (2). Segundo a presidente da UPPA, Muryanne Gianluppi, a conscientização é importante para garantir inclusão adequada de autistas e para que a sociedade entenda que o autismo é diverso e cada pessoa dentro do espectro se comporta de uma forma.
“O autismo é um espectro, então nem todo autista vai ter todas as características do autismo. Cada um é de uma forma e compreende de um jeito. Então a gente precisa compreender a inclusão de cada um”, destaca Muryanne.
Durante a tarde de atividades dezenas de famílias compareceram, gente como o advogado Francisco Macedo que é pai de dois filhos autistas. O mais velho tem 30 anos e o mais novo 12 anos. Ambos não puderam comparecer à caminhada, mas Francisco veio participar para garantir um mundo melhor para os filhos crescerem.
“A gente vive a cultura do preconceito, então mesmo que a pessoa se policie, mesmo que a pessoa se vigie, ela tem aquela cultura do preconceito. Então ela vê o deficiente, ela vê o autista, de forma diferente, ela vê como uma pessoa que não consegue alcançar determinados objetivos”, aponta Francisco.

Por isso, ele aponta que eventos como esse trazem a atenção da sociedade para o potencial das pessoas com autismo, além de ajudar a quebrar o preconceito estrutural.
“Momentos como esse, eventos como esses, são importantíssimos porque a gente está começando a mostrar para a sociedade que nós existimos, que nós existimos e que nós precisamos ser respeitados da maneira que os nossos filhos são”, afirma o advogado.
Primeiro músico autista do Brasil
Quem também participou da caminhada e mostra um exemplo de sucesso é o cantor Marlon Nicolas. Ele é o primeiro cantor autista do Brasil e cantou diversas composições próprias no evento. Uma das composições, intitulada Coração Azul, aborda sua própria experiência com o autismo.

Para Marlon, a caminhada ajuda a chamar atenção para as dificuldades em acesso a tratamento de qualidade que muitos autistas ainda enfrentam.
“É muito especial para a gente marcar esse encontro de diferenças e de diversidade, porque muita gente está precisando de ajuda, de tratamento, mas muitas instituições não têm como ajudar”, salientou o cantor agradecendo à UPPA por todo o apoio e acolhimento aos autistas.
UPPA atua desde 2017
Essa é a segunda edição da caminhada da conscientização, mas a UPPA existe desde 2017. O que começou como a união de um grupo de mães que se apoiavam e lutavam por inclusão social, logo se tornou um movimento coletivo que recebe cada vez mais famílias atípicas.

“Nós já realizamos palestras, congressos, muitas coisas, e a caminhada é uma coisa que nós estamos realizando todo ano. A gente quer que isso permaneça, porque a cada ano a gente percebe na caminhada que o número de pessoas que estão participando é muito maior”, pontua a presidente da UPPA.
Não existe um dado concreto sobre o número de pessoas no Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, contudo a estimativa é que existam cerca de 2 milhões de autistas no país. Com base na prevalência atualizada pelo CDC dos EUA em 2023 — indicando que 1 em cada 36 crianças de 8 anos são diagnosticadas com TEA —, especialistas estimam que o número de pessoas autistas no Brasil possa ser maior, possivelmente de até 6 milhões de indivíduos.
Por isso, o melhor caminho para conviver com as diferenças é a conscientização.
Por: M3 Comunicação