
Alícia Bianca ocupa a cadeira n°239 da Academia de Literatura, Arte e Cultura da Amazônia (ALACA). Foto: Arquivo Pessoal
Última modificação em 14 de abril de 2025 às 11:13
Dia 15 de abril é dia do desenhista e em Roraima uma jovem representa bem essa categoria. Apesar da juventude, a artista roraimense Alícia Bianca, de 19 anos, já realizou muitas conquistas.
Antes de conquistar a cadeira na Academia de Literatura, Arte e Cultura da Amazônia (ALACA), Alícia Bianca já havia realizado uma exposição com suas artes. Além do talento, um grande diferencial que ajuda a jovem autodidata a ter tantas conquistas é a dedicação para aprender coisas novas.
“Trabalho com diferentes técnicas, desde o colorido vibrante até o preto e branco rico em detalhes para criar artes com traços únicos e com aquela autenticidade no artista”, conta Alícia que gosta de capturar a essência da cultura de Roraima por meio das obras de arte que produz.
Alícia começou a se interessar por arte ainda muito jovem, aos 12 anos de idade. Ela explica que no início a arte era apenas uma distração, uma forma de terapia, mas que depois se tornou parte significativa da vida dela.
“No início, eu via como um refúgio e uma ajuda para lidar com os desafios diários. E com o tempo, a arte foi se tornando um espaço onde eu podia me expressar e me conectar comigo mesma de uma forma mais profunda e autêntica.

Mesmo sendo autodidata, o começo não foi fácil. Alícia conta que precisou estudar várias técnicas e investir na aquisição de materiais para produzir sua arte. “Eu comecei com o que eu tinha em casa, que era uma caneta BIC, um lápis, uma borracha. Tanto que eu comecei a desenhar por trás de um caderno de caligrafia que a minha avó tinha em casa. Então as folhas dos meus primeiros desenhos foram por trás deste caderno de caligrafia”, lembra a artista.
A primeira exposição artística
Foi aos 18 anos que Alícia conseguiu um feito um tanto quanto raro para jovens artistas: uma exposição de suas obras. A mostra foi viabilizada pelo edital da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult).
“E eu não esperava que eu fosse contemplada neste edital sendo a primeira vez participando. Então estava concorrendo com muitos artistas importantes e que eu conheço aqui da cidade. Então eu fiquei muito feliz e lisonjeada de poder realizar esse meu sonho da minha primeira exposição.”

Com a mostra garantida, Alícia revela que precisou se dedicar a esse processo e enfrentou uma série de desafios. Organizar um evento como esse é trabalhoso e requer dedicação. Todas as obras selecionadas exaltam a riqueza cultural de Roraima e a conexão de Alícia com as raízes do seu Estado.
“Roraima e a Amazônia tem sido as minhas principais inspirações para criação das minhas artes, porque além de ter uma biodiversidade belíssima para expor em arte e trazer esse reconhecimento, também eu uso como uma ferramenta de conscientização sobre temas frequentes e que eu considero importantes e que devem ser debatidos”.
E para Alícia, esse momento foi um dos marcos em sua vida artística. “Não tenho palavras para descrever a sensação. Apenas me senti lisonjeada em poder transmitir as minhas ideias ao público”, conta ela.
A posse na Academia de Literatura, Arte e Cultura da Amazônia (ALACA)
Além da exposição artística, Alícia também tomou posse na Academia de Literatura, Arte e Cultura da Amazônia (ALACA) e se consagrou como a mais jovem roraimense a ocupar uma cadeira.
A jovem artista conta que a inspiração para suas obras vem da riqueza cultural da Amazônia e do ideal de preservação e cuidado com o meio ambiente. “O meu processo criativo, ele vem da minha inspiração, que é a Amazônia e a conscientização. Então, as minhas ideias surgem a partir desse meu propósito. A partir daí, eu vejo a melhor forma de trazer o meu olhar para a visão que eu quero passar para quem irá ver essa arte”, revela a artista.

A realização garante que Alícia consiga levar a cultura roraimense para fora do Estado e incentivar ainda mais jovens a investir na arte e seguir seus sonhos. “A minha intenção com a arte é manter essa identidade cultural de Roraima viva e de alguma forma contribuir para essa divulgação e valorização da nossa cultura, tanto dentro quanto fora do estado”, aponta Alícia.
Muitos talentos em Roraima mas poucas oportunidades
Assim como Alícia, muitos outros jovens talentosos estão desenvolvendo trabalhos e artes, mas a falta de incentivo e de políticas para apoiar esses artistas ainda é um entrave. “Infelizmente, eu vejo cenário artístico para os jovens roraimenses seguindo uma linha de invisibilidade, porque apesar dos enormes talentos e criatividades que os jovens roraimenses possuem, eu vejo que eles são muitas das vezes ignorados e não tem a oportunidade de mostrar o seu trabalho”, lamenta a jovem artista plástica.
Segundo a artista plástica, Roraima precisa de um olhar mais sensível para os jovens artistas, garantindo apoio e visibilidade para o trabalho de artistas locais. “A partir desse apoio, desse incentivo, desse ver a fonte de onde começa, porque o apoio no início é o primordial para que esse talento aflore e quem sabe enriqueça a cultura do estado ainda mais”
Por: M3 Comunicação