
Boa Vista fica atrás apenas de Palmas, onde a cesta básica custa R$ 715,77 no ranking regional. Foto: Reprodução
Última modificação em 20 de agosto de 2025 às 16:16
Boa Vista aparece com a segunda cesta básica mais cara do Norte do Brasil, segundo um levantamento inédito divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em parceria com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O estudo, lançado nesta quarta-feira (20), analisou os preços de produtos essenciais em dez capitais brasileiras, incluindo pela primeira vez a capital roraimense.
Em julho, o custo da cesta básica em Boa Vista foi de R$ 712,83, valor que coloca a cidade atrás apenas de Palmas (R$ 715,77) no ranking regional. No cenário nacional, Boa Vista ocupa a 14ª posição entre as capitais com a cesta mais cara. Embora o valor represente uma queda de 0,61% em relação a junho, ainda é considerado elevado para a realidade local.
A redução foi influenciada, principalmente, pela queda nos preços de itens como leite (-5,15%), arroz (-4,88%) e feijão (-2,82%). No entanto, outros produtos essenciais registraram aumento, como carne (2,08%), café (1,12%) e açúcar (0,96%).
O impacto no orçamento do trabalhador é expressivo: em Boa Vista, a cesta básica consome 50,77% do salário mínimo. Para adquirir os produtos do conjunto considerado essencial, um trabalhador precisa dedicar 103 horas e 19 minutos do mês. Segundo o Dieese, o salário mínimo ideal para garantir o sustento de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.274,43, quase cinco vezes o valor atual de R$ 1.518,00.
Durante o lançamento da pesquisa na Universidade Federal de Roraima (UFRR), o superintendente da Conab em Roraima, Pablo Cabadas, reconheceu o peso do custo da cesta básica em Boa Vista e destacou que os dados poderão embasar políticas públicas de abastecimento e reajustes salariais propostos por sindicatos. “Os números do Dieese vão ajudar na formulação de programas que visem reduzir os preços dos alimentos”, afirmou.
A economista Mariel Angeli Lopes, do Dieese, explicou que a inclusão de Boa Vista e outras nove capitais no levantamento marca um passo importante na expansão das pesquisas socioeconômicas, especialmente em regiões historicamente menos atendidas, como o Norte. Ela ressaltou que o avanço só foi possível com a parceria da Conab, já que anteriormente as pesquisas eram financiadas por sindicatos de trabalhadores.
Com a nova base de dados, a expectativa é que os indicadores sirvam como referência para negociações coletivas, políticas públicas e planejamento econômico regional.
Fonte: Dieese
Por: M3 Comunicação