
Pacientes sem CPF ainda continuam sendo atendidos pelo sistema. Foto: Reprodução
Última modificação em 16 de setembro de 2025 às 15:41
O Cartão Nacional de Saúde (CNS), conhecido como Cartão do SUS, passará a utilizar o CPF como identificador único dos usuários em todo o país. A mudança, anunciada nesta terça-feira (16) pelos ministérios da Saúde e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), faz parte de uma estratégia de unificação e higienização da base de dados do SUS.
Com a reformulação, o cartão deixará de exibir o número antigo e passará a apresentar apenas o nome completo e o CPF do cidadão. A medida visa integrar os sistemas de informação em saúde, garantir mais precisão nos dados e facilitar o acesso ao histórico de atendimentos, vacinas e medicamentos.
Limpeza na base de dados
A reformulação já está em andamento: desde julho, 54 milhões de cadastros foram suspensos, e a previsão é que até abril de 2026, cerca de 111 milhões de registros inconsistentes ou duplicados sejam inativados. A meta é alinhar a base de usuários do SUS ao número de CPFs ativos na Receita Federal, atualmente em torno de 228,9 milhões.
Atualmente, o CadSUS conta com 286,8 milhões de cadastros ativos, sendo que 246 milhões já estão vinculados a CPFs. Os 40,8 milhões restantes, sem vínculo com CPF, estão sob análise.
CPF será obrigatório, mas com exceções
Apesar da unificação, o atendimento no SUS continuará garantido a todos, inclusive para cidadãos sem CPF. Nesses casos, será criado um cadastro temporário válido por até um ano, usado principalmente em situações de emergência ou ausência momentânea do documento. Após esse período, será exigida a regularização com CPF.
Populações sem registro de CPF, como alguns grupos indígenas, ribeirinhos e estrangeiros, permanecerão com identificação no Cadastro Nacional de Saúde, que substituirá gradualmente o termo “Cartão Nacional de Saúde”. O novo nome reforça que se trata de um registro complementar e secundário, segundo o Ministério da Saúde.
Integração com Receita, IBGE e CadÚnico
A unificação só se tornou viável graças à interoperabilidade entre os sistemas do SUS e a Receita Federal, com o CPF funcionando como chave de acesso a outras bases, como o CadÚnico e dados do IBGE. O objetivo é melhorar o cruzamento de informações, reduzir fraudes e fortalecer a gestão pública da saúde.
Além disso, todos os sistemas utilizados por estados e municípios serão readequados para utilizar exclusivamente o CPF, incluindo ferramentas como o prontuário eletrônico da atenção primária, a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). A migração completa está prevista até dezembro de 2026.
Impacto e benefícios
O Ministério da Saúde afirma que a medida representa um passo importante rumo a uma revolução tecnológica no SUS, com benefícios diretos para usuários e gestores. A expectativa é de que a mudança contribua para melhorar o monitoramento dos serviços, evitar desperdícios de recursos e aprimorar o atendimento à população.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o processo é complexo, mas fundamental. “Estamos dando um passo decisivo. Não há outro sistema nacional de saúde com a diversidade e complexidade de dados como o SUS”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil
Por: M3 Comunicação