
No país, os tipos B e C são os mais frequentes e geralmente se apresentam na forma crônica. Foto: Reprodução
Última modificação em 28 de julho de 2025 às 14:11
Em 2024, o Brasil ultrapassou a marca de 34 mil diagnósticos de hepatites virais, com cerca de 1.100 mortes diretamente atribuídas à doença. Causada por cinco tipos distintos de vírus (A, B, C, D e E), a hepatite compromete o funcionamento do fígado e, em muitos casos, evolui de forma silenciosa por anos até manifestar sintomas mais graves.
No país, os tipos B e C são os mais frequentes e geralmente se apresentam na forma crônica. Nessas situações, o vírus permanece no organismo durante décadas, lesionando progressivamente o fígado até desencadear complicações sérias, como cirrose, fibrose hepática ou câncer.
Meta global e Dia Mundial de Combate
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como objetivo a redução de 90% dos casos de hepatites B e C e a diminuição de 65% das mortes relacionadas até 2030. Em alusão a essa meta, o dia 28 de julho é dedicado ao combate global às hepatites virais.
Como prevenir
Segundo o infectologista Pedro Martins, as formas de transmissão variam conforme o tipo do vírus. “As hepatites A e E se espalham pela via fecal-oral, geralmente por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Já os tipos B, C e D são transmitidos pelo contato com sangue contaminado — seja no uso compartilhado de objetos pessoais ou durante relações sexuais desprotegidas”, explica.
Martins também ressalta que a hepatite A pode ser transmitida por sexo oral com contato com a região anal, e que os tipos B, C e D são frequentemente transmitidos pela penetração sexual.
A vacinação é outro recurso fundamental para conter a disseminação da doença. O SUS oferece gratuitamente vacinas contra os tipos A e B — sendo que esta última também protege contra o vírus D, que depende da presença do tipo B para se replicar. Ambas estão incluídas no calendário de vacinação infantil.
A imunização contra hepatite B começa nas primeiras horas de vida e segue com doses aos 2, 4 e 6 meses. Gestantes não vacinadas também devem receber a proteção, já que a infecção pode ser transmitida ao bebê durante a gestação, parto ou amamentação.
Queda nos casos e impacto da vacina
A vacinação tem se mostrado eficiente: a taxa de detecção de hepatite B caiu de 8,3 para 5,3 casos por 100 mil habitantes entre 2013 e 2024. Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, é possível eliminar o vírus se a cobertura vacinal for mantida em níveis elevados.
“Como o único reservatório do vírus B é o ser humano, a vacinação em massa pode eliminar completamente a transmissão. Desde que a vacina passou a integrar o calendário pediátrico, o número de pessoas imunizadas cresce a cada ano. Já são mais de três décadas de vacinação no Brasil, o que nos aproxima de uma geração livre do vírus”, afirma Kfouri.
O mesmo efeito positivo foi observado com a vacina contra a hepatite A. Em 2013, 903 crianças com menos de 5 anos foram infectadas. Após a inclusão da vacina no calendário infantil em 2014, os casos despencaram, e em 2024 apenas 16 registros foram feitos nessa faixa etária — uma redução de mais de 98%.
Crescimento entre adultos jovens e desafios com hepatite C
Apesar do avanço da vacinação em crianças, houve crescimento dos casos entre adultos de 20 a 39 anos, especialmente entre homens. Em maio deste ano, após surtos entre homens que fazem sexo com homens (HSH), o Ministério da Saúde estendeu a vacinação para usuários da PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV).
Já a hepatite C, embora seja a mais letal e prevalente no país, ainda não tem vacina. Em 2024, foram registrados 19.343 novos casos e 752 mortes diretas. O diagnóstico, no entanto, é possível por exames laboratoriais e o tratamento com antivirais alcança mais de 95% de cura.
“O grande problema da hepatite C é a detecção tardia. Quando tratada precocemente, as consequências são mínimas. Mas se o vírus permanece por anos no corpo, pode levar a cirrose e câncer hepático, mesmo em pessoas que não consomem álcool”, alerta Pedro Martins.
Fonte: Agência Brasil
Por: M3 Comunicação