
Desde abril, as exportações de carne bovina, café e sucos já caíram fortemente, refletindo os primeiros efeitos das tarifas de 10% impostas pelos EUA. Foto: Reprodução
Última modificação em 24 de julho de 2025 às 11:22
Mesmo antes da entrada em vigor das tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos, previstas para 1º de agosto, as exportações brasileiras de produtos do agronegócio aos norte-americanos já enfrentam uma forte retração. Desde abril, as vendas de carne bovina, café e sucos de frutas despencaram, indicando que o impacto das medidas protecionistas de Washington começou a ser sentido com as taxas iniciais de 10%.
Esses três produtos lideram a pauta do agronegócio brasileiro com destino aos EUA. No entanto, os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) revelam um cenário preocupante:
- Carne bovina: as exportações caíram 67% entre abril e junho. O valor embarcado passou de US$ 229,4 milhões para apenas US$ 75,3 milhões — uma queda de dois terços em apenas dois meses.
- Sucos de frutas: retração de 54%, atingindo mais da metade do volume exportado no período.
- Café: as vendas recuaram 41% no mesmo intervalo.
O Ministério da Agricultura já considera esses setores como prioritários nas ações para conter os efeitos das barreiras comerciais. A principal demanda das entidades do setor tem sido o adiamento da nova rodada de tarifas, com apelos ao governo federal para ampliar a interlocução com a Casa Branca. No entanto, até o momento, Brasília enfrenta obstáculos em avançar qualquer negociação concreta com os EUA.
Enquanto isso, o governo trabalha em estratégias alternativas. Está em curso um mapeamento de mercados potenciais para redirecionar os produtos afetados. A China e a Austrália surgem como possíveis novos compradores de café brasileiro. No caso do suco de laranja — o mais atingido entre os sucos — a Arábia Saudita está no radar. Já para a carne bovina, México, Chile e Vietnã aparecem como alternativas viáveis.
A antecipação do colapso nas vendas, mesmo antes da aplicação das tarifas mais duras, acende um alerta para o setor agroexportador. A expectativa agora recai sobre uma resposta diplomática eficaz e ações de diversificação de mercados que possam mitigar o prejuízo crescente.
Fonte: CNN Brasil
Por: M3 Comunicação