
O acumulado já chega a 469,2 mm, número bem acima da média histórica para o período, que é de 308 mm. Foto: Divulgação
Última modificação em 22 de julho de 2025 às 14:44
Boa Vista tem registrado dias seguidos de chuvas intensas neste mês de julho. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o acumulado já chega a 469,2 mm, número bem acima da média histórica para o período, que é de 308 mm, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Esse volume elevado de precipitação tem provocado aumento do nível do rio Branco, que já atinge 7,87 metros — a apenas 13 centímetros da cota de alerta, conforme dados da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer). Com rios e igarapés cheios, o escoamento da água da chuva se torna mais difícil, e o sistema de drenagem da capital fica sobrecarregado, resultando em pontos de acúmulo em diversas regiões, principalmente em áreas mais baixas e próximas a lagoas.
Além dos transtornos imediatos, há previsão de continuidade das chuvas. O boletim de alerta do Cemaden indica que até 150 mm de chuva podem ser registrados nas próximas duas semanas — um volume considerado elevado, que pode manter ou até elevar ainda mais o nível do rio Branco, com risco de extravasamento.
Especialistas apontam que o acúmulo de água na cidade é causado por um conjunto de fatores naturais, antrópicos (ações humanas) e mudanças no clima. Segundo o mestre em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), Luis Felipe, a capital roraimense passa por um período de transição climática.
Com o declínio do fenômeno El Niño e a possível entrada do La Niña, o clima local tende a se tornar ainda mais úmido nas próximas semanas. “É comum que no fim do La Niña ocorra um aumento expressivo nas precipitações, o que exige atenção redobrada”, explica.
Boa Vista está localizada em uma região de relevo plano, conhecida como pediplano do rio Branco, com solo frequentemente encharcado e lençol freático raso. Nessas condições, a água da chuva tem dificuldade de infiltração, o que contribui para alagamentos quando chove intensamente em curtos períodos.
Além dos aspectos naturais, o acúmulo de água é agravado por fatores antrópicos. O descarte irregular de lixo entope bueiros e canais, impedindo o escoamento adequado da água. Apenas na última segunda-feira, 21, cerca de 400 toneladas de resíduos foram retiradas das ruas e do sistema de drenagem. Ocupações em áreas de lagoas e margens de igarapés também prejudicam o fluxo natural das águas ao suprimirem a vegetação nativa.
“Quando se constrói sobre áreas alagadiças ou se elimina a vegetação ciliar, o sistema natural de escoamento é desorganizado. A água, sem alternativas, acaba invadindo ruas e residências”, afirma Luis Felipe.
A situação exige atenção constante, principalmente em um cenário de mudanças climáticas e urbanização crescente. Enquanto as chuvas persistem, o risco de novos pontos de alagamento se mantém elevado.
Com informações da Assessoria
Por: M3 Comunicação