
A caravana conta com palestras e oficinas gratuitas. Foto: M3 Comunicação Integrada
Última modificação em 30 de junho de 2025 às 11:37
A caravana da União de Pais e Pessoas Autistas (UPPA) começou com uma manhã de programação no município de Mucajaí neste sábado, 28. O município é o primeiro a receber os serviços que devem chegar a todo estado de Roraima.
Para a presidente da UPPA, Muryanne Gianluppi, a caravana é uma oportunidade de incentivar outras famílias a se unirem em prol da causa autista, assim como a UPPA fez.
“Queremos motivar mais mães a se juntarem para que façam um movimento da mesma forma que fizemos em Boa Vista. Para que se juntem e continuem a luta pelos direitos da pessoa autista” afirma Muryanne.
A psicóloga Alizane Ramalho, responsável pelo grupo de ajuda mútua “cuidar de quem cuida”, oferece apoio psicológico e incentivo às famílias atípicas. O grupo se reúne de forma quinzenal em Boa Vista e já realiza essa programação há pelo menos três anos.
Em Mucajaí ela vai apresentar o projeto e abordar os resultados dessa iniciativa, que já impactou centenas de vidas. “Cuidadores de autista têm níveis de estresse muito elevados, aí a gente tem pesquisas e artigos já validados pela comunidade científica apontando que o estresse de quem cuida de um autista ele é equiparado ao estresse pós traumático”, explica ela, salientando a importância de um apoio para essas famílias. “Oferecer um espaço de cuidado é uma forma também de regular o autista de oferecer qualidade de vida e saúde mental”.
Oficinas e palestras
Uma das oficinas mais aguardadas da manhã abordou os direitos da pessoa com deficiência, principalmente relacionados a neurodivergências. A advogada Nayara Aranha é especialista em direito previdenciário voltado às pessoas com deficiência. Ela explica que os principais problemas relacionados ao autismo é a falta de cobertura para terapias e falta de suporte escolar.

“Um tema polêmico é em relação a negativas de coberturas pelo SUS ou pelos planos de saúde de terapias e tratamento. Além disso, também temos a inclusão na educação, que é a questão da presença dos assistentes terapêuticos em salas de aula e dos cuidadores”, conta a advogada.
Nayara ainda aponta que a desinformação sobre direitos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda é frequente. Por isso, mães, pais e responsáveis devem estar por dentro do assunto para não serem lesados. “ Ainda nos deparamos com a desinformação de muitas famílias em muitos aspectos, principalmente em relação aos benefícios previdenciários que são negados a depender do suporte e da necessidade da criança com TEA” aponta.
A professora Nilzete Alves trabalha com crianças neurodivergentes e comenta que a iniciativa era necessária para o município que, segundo ela, possui pelo menos 100 crianças autistas matriculadas. A troca de experiência ajuda a melhorar a educação voltada a essas crianças e adolescentes.

“Hoje você fez algo com seu aluno que pode não ter dado certo então amanhã eu busco estratégias para atingir o meu objetivo com aquele estudante. E isso inclui buscar informações novas, se aperfeiçoar, como eu estou fazendo agora”, comenta a professora.
Quem também participou da manhã de oficinas e trocas de informação foi a estudante de psicologia Michelly Marinho, ela também é mãe de duas crianças com TEA e conta que a conversa vai ajudar a lidar com dificuldades enfrentadas dentro de casa, com os filhos.
“Hoje eu vou sair daqui com um pouco mais de conhecimento, a gente sempre tem algo a aprender e um dos motivos para que eu esteja aqui é esse: aprender mais um pouco para lidar na minha casa com a situação de duas crianças autistas”, aponta ela.

A caravana vai continuar e o próximo destino é o município de Caroebe. A programação é totalmente gratuita e está aberta para pais e mães atípicos, além de profissionais da educação e saúde que trabalhem com crianças e adolescentes autistas.
Por: M3 Comunicação