
Lula aparece junto com presidente da ONG sindical que recebeu o contrato de R$ 15,8 milhões. Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução Estadão
Última modificação em 26 de maio de 2025 às 11:12
O Ministério do Trabalho firmou um contrato de R$ 15,8 milhões com uma ONG ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, localizado em São Bernardo do Campo (SP), para realizar a retirada de lixo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O acordo foi celebrado por meio da Secretaria de Economia Popular e Solidária, que é comandada por Gilberto Carvalho (PT), ex-ministro e figura de destaque no núcleo político do PT e do presidente Lula (PT).
A entidade contratada é a Unisol, que funciona em um espaço de 40 m² no subsolo do sindicato e tem como presidente Arildo Mota Lopes, ex-diretor da própria entidade sindical. Este é o segundo maior contrato firmado pelo ministério em 2024, ficando atrás apenas de um repasse de R$ 64,2 milhões destinado a uma empresa de serviços aéreos. No ano anterior, o governo federal destinou R$ 254 milhões à gestão de políticas voltadas aos povos indígenas.
Procurada pela reportagem de O Estadão, a direção da Unisol não se manifestou. O presidente da ONG, Arildo Lopes, não atendeu às ligações nem respondeu às tentativas de contato. Outros dois dirigentes também foram procurados, mas igualmente se recusaram a comentar o assunto.
Os recursos foram transferidos integralmente à Unisol no dia 31 de dezembro de 2024, apenas três dias após a assinatura do contrato. A entidade deverá subcontratar serviços de limpeza, além de apoio contábil, jurídico e de coordenação. O edital que originou a contratação foi lançado em novembro, com o objetivo de capacitar catadores de materiais recicláveis e promover ações de educação ambiental.

No total, dez ONGs participaram do processo seletivo. Metade delas foi desclassificada por não apresentar planos de trabalho compatíveis com as exigências. Além da Unisol, foi selecionado o Centro de Estudos e Assessoria (CEA), que recebeu R$ 4,2 milhões. A escolha das entidades foi feita por uma comissão interna do ministério, que avaliou os projetos apresentados.
O termo de fomento firmado com a Unisol prevê a liberação dos recursos em parcela única, condicionada às metas pactuadas na parceria. O governo justificou o pagamento antecipado com base na situação de emergência humanitária vivida pelos yanomamis. Apesar da transferência dos valores, as ações no território ainda não começaram e dependem de reuniões de planejamento técnico e da conclusão de estudos que estão em andamento.
Ainda de acordo com a investigação realizada pelo Estadão e Folha de São Paulo, dez ONGs se apresentaram para a disputa. Metade foi desclassificada por não apresentar um plano de trabalho. Duas foram selecionadas. Além da Unisol, a CEA (Centro de Estudos e Assessoria), entidade com sede em Brasília que pertence a um outro militante do PT. Esta receberá R$ 4,2 milhões, dos quais R$ 1,6 milhão já foi pago.
Uma comissão do ministério com cinco integrantes fez a seleção das entidades. Cada um precisou atribuir pontos aos projetos apresentados conforme os itens exigidos no edital. A reportagem teve acesso aos documentos.
Fonte: Estadão/ Folha de São Paulo
Por: M3 Comunicação