
Francidalva Carvalho e os filhos. Foto: Arquivo Pessoal
Última modificação em 15 de maio de 2025 às 18:32
A vida nunca foi fácil para Francidalva Conceição , de 45 anos. Ela é mãe de seis filhos e desses, três são autistas. A primeira gravidez veio ainda muito cedo, aos 14 anos ela já esperava o primeiro bebê. As primeiras gestações foram cansativas e cheias de incerteza. Depois dos três primeiros filhos, Franci passou anos sem engravidar, ela tomava anticoncepcional para se prevenir, só que ainda assim engravidou.
Carlos Eduardo foi o quarto filho de Francidalva e desde o começo ela percebia que ele não se comportava como os outros. O começo foi conturbado, Franci não entendia o que acontecia com o filho e se frustrou, achava que todo o estresse que passou com o companheiro durante a gestação e a falta de cuidado do pai do bebê haviam afetado o desenvolvimento de Carlos Eduardo.
Foi só quando começou a participar de um grupo com outras mães atípicas que começou a perceber semelhanças. “Quando eu percebi que o Carlos Eduardo era diferente, foi mais assustador ainda porque eu nem sabia o que era autismo”, relembra dos sentimentos que passaram pela cabeça logo quando começou a perceber os sinais do autismo.
Alguns anos depois, Franci engravidou mais uma vez. A gestação foi considerada de risco, mas psicologicamente foi uma das mais tranquilas. Luiz Expedito nasceu saudável e se desenvolveu dentro das marcações gerais de desenvolvimento. Ainda assim, com o passar do tempo, Francidalva notou diferenças na parte socioemocional do filho mais novo. “Eu percebi que ele tinha muita dificuldade de interação, chorava muito, se ele colocava algo no lugar e alguém tirava, ele chorava muito”, conta.
Mesmo com os sinais, Franci não pensou na possibilidade do filho ser autista. Como ele passou a maior parte da idade escolar em casa, devido a pandemia, as dificuldades se acentuaram quando Luiz Expedito precisou ir para a escola. Quando enfim percebeu as estereotipias típicas do comportamento autista, Francidalva teve mais uma dificuldade: conseguir uma consulta.
“Levei muito tempo pra conseguir um profissional para me ajudar, ele ficou numa lista de espera por quase dois anos. Eu não consegui vaga para ele ter avaliação, para ter uma ajuda”, conta Francidalva. Sem um médico especialista, ela ia quase todos os dias ao Hospital da Criança para tentar conseguir uma consulta, mas sem sucesso.
Em meio a esse turbilhão de sentimentos, mais uma surpresa: a sexta gravidez. “Aí ficou mais difícil ainda, era uma gravidez de risco, eu estava hipertensa, pré-diabética e grávida”, lembra. A gravidez aconteceu ao longo do período pandêmico e, por isso, o acompanhamento foi mais difícil. Benjamin, o caçula, nasceu prematuro, com 34 semanas. Ficou no hospital mais de uma semana para se desenvolver melhor até que tivesse alta.
Quando foi pra casa, o desenvolvimento de Benjamin foi rápido, ganhou peso e estava crescendo dentro do esperado. Mas aos oito meses a mãe notou algo diferente no filho: ele não sentava. Franci foi ao Centro de Referência em Saúde da Mulher em busca de ajuda médica.
O local possui uma equipe especializada em atendimento de prematuros – o que era o caso de Benjamin – e lá o caçula da família recebeu um encaminhamento para fazer as terapias necessárias para garantir um desenvolvimento adequado.
No momento em que realizava as terapias com o filho mais novo, Francidalva finalmente conseguiu atendimento para o outro filho, Luiz Expedito. O laudo confirmou o que a mãe já suspeitava: autismo.
“Foi um choque, por mais que você esteja preparada para receber novamente esse laudo. Por mais que você tenha certeza de que seu filho tenha mostrado as características que é autista, você nunca está preparada para receber o segundo laudo”, relembra Francidalva e conta que por um tempo teve vergonha de contar para outras pessoas que era mãe de dois autistas.

A vergonha vem não por causa da condição do filho, mas sim fruto de uma preocupação em conseguir profissionais qualificados para ajudar no desenvolvimento das crianças. Em Roraima o acesso a médicos e terapias é escasso, o que gerou apreensão.
“Outra criança que eu ia ter novamente o sofrimento de correr atrás de profissionais para ajudar e eu me perguntava como seria aquela criança. Eu não estava conseguindo ajuda nem para o meu filho de 17 anos, mas vim pra casa e lutei firme”, relembra com resiliência.
Poucos meses depois veio o terceiro laudo: Benjamin também era autista. “Quando veio esse terceiro laudo foi dolorido, eu chorei e questionei a médica o que seria de mim com três crianças autistas”.
A luta de uma mãe atípica é constante e só quem convive com essas mulheres sabe o tamanho da resiliência e força para garantir que seus filhos tenham um desenvolvimento igualitário. Uma dica que ela dá para as mães que ainda estão perdidas em meio ao mundo atípico ou que acabaram de receber o laudo é para que não se sintam intimidadas.
No momento, Francidalva é mãe de autista em tempo integral. Devido ao grau de suporte dos filhos, ela precisa dar atenção quase que exclusiva para as crianças. “Desde que eu me tornei mãe de autista eu não tive mais um dia inteiro só pra mim, é uma dedicação muito grande e eu aqui não tenho rede de apoio”, explica Franci.
Dedicação é o adjetivo que define a vida da Francidalva. Ela ainda aponta que muitas vezes se colocou em segundo plano para focar nos filhos e recomenda para outras mães que tenham um cuidado maior consigo mesmas. “Quando eu vi já estava hipertensa, diabética”, conta. Mesmo assim, Francidalva não faria nada diferente.
“Eu sou feliz com meus filhos e se você me perguntar se eu abriria mão deles eu afirmo que teria novamente cada um deles. Eu amo cada um deles com seu jeitinho, com suas diferenças, com seu sorrisinho e meus filhos são lindos, são amáveis, carinhosos. Eu dou a vida por cada um deles”, conta.

Por: M3 Comunicação
Francidalva sua história de vida, com certeza vai encorajar muitas mãezinhas que estão passando por um problema atípico igual ao seu, que estão perdidas e desesperada. Ter um filho altista, é sim uma dedicação diária, paciência, muito amor, e saber respeitar a sua limitação.
Admiro muito sua guarra , sua força de vontade de lutar por cada um dos seus filhos , vc é uma super mãe leoa. Deus te cubra sempre com bençãos, te der der muita saúde para vc continuar cuidando dos seus anjos azuis 🙏
Sou amiga da franci e posso dizer ela é uma mãe guerreira, que luta pelo seus filhos com muita coragem e determinação, seja em casa ou na escola ela tá sempre correndo atraz para que nada falte , é uma mulher corajosa pq não é fácil cuidar de três crianças Autista. Bjo amiga que Deus te proteja sempre ❤