
Em nível nacional, a pesquisa aponta que o cigarro ilegal já representa 32% do mercado brasileiro. Foto: Reprodução
Última modificação em 7 de maio de 2025 às 09:54
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ipec, encomendada pelo Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), revela que cerca de 83% dos cigarros comercializados em Roraima em 2024 são ilegais. O levantamento alerta para o volume expressivo movimentado pelo comércio clandestino: 1,3 bilhão de unidades de cigarros contrabandeados, o que representa um faturamento de aproximadamente R$ 342 milhões para o crime organizado.
Além dos danos à saúde pública, o comércio ilegal também afeta diretamente os cofres públicos. Em Roraima, a evasão fiscal provocada por esse mercado ultrapassou R$ 103 milhões somente no último ano, segundo a pesquisa.
Rotas do contrabando favorecem o crime na região Norte
Especialistas ouvidos pelo estudo apontam que o avanço do contrabando na região é favorecido por uma rota alternativa via Suriname, que tem ganhado espaço entre as organizações criminosas. A logística é desenhada para driblar a fiscalização nas fronteiras terrestres tradicionais.
O trajeto começa no Paraguai, passando pela Bolívia e Chile, de onde os cigarros seguem pelo porto de Iquique, iniciando o transporte marítimo. Após contornar o Canal do Panamá, as cargas chegam ao Suriname e, de lá, são distribuídas para os estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Cenário nacional: mercado ilegal domina um terço das vendas de cigarros
O problema, no entanto, não é exclusivo de Roraima. Em nível nacional, a pesquisa aponta que o cigarro ilegal já representa 32% do mercado brasileiro, com um total de 34 bilhões de unidades movimentadas em 2024. O valor estimado do comércio ilegal chega a R$ 9 bilhões.
A evasão fiscal nacional provocada pelo contrabando de cigarros no mesmo período é estimada em R$ 7,2 bilhões. Considerando os últimos 12 anos, o prejuízo acumulado aos cofres públicos ultrapassa R$ 105 bilhões.
Produção nacional ilegal: fábricas clandestinas simulam marcas paraguaias
A rentabilidade do negócio é tamanha que fábricas clandestinas instaladas em território brasileiro têm reproduzido marcas paraguaias populares no mercado ilegal. Só em 2023, nove fábricas desse tipo foram desativadas pelas autoridades. Elas operavam em grandes galpões, com mão de obra paraguaia em condições precárias de trabalho.
O maquinário encontrado nesses locais é altamente profissional e capaz de produzir milhões de maços por ano. Desde 2011, já foram mais de 64 fábricas fechadas no país, com um potencial estimado de faturamento de R$ 4 bilhões anuais.
Fonte: FNCP
Por: M3 Comunicação