
Última modificação em 11 de março de 2025 às 20:40
A corrida entrou na vida de Kelle Valões quase que por acaso. Trabalhando no Detran e enfrentando um momento de insatisfação com o próprio corpo, ela começou com caminhadas.
Até que uma amiga do trabalho a desafiou a participar de uma corrida interna. “Achei que ela estava louca! Eu não conseguia correr nem um quarteirão”, relembra. Mas aceitou o desafio, e foi ali, nessa primeira corrida, que tudo mudou.
Desde então, Kelle mergulhou no universo do atletismo e, em menos de um ano, estava correndo uma meia maratona em Manaus. Depois, vieram desafios ainda maiores, como competições no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Florianópolis e Minas Gerais. E agora, ela se prepara para um novo marco na sua jornada: a sua primeira maratona completa no Rio de Janeiro.
Disciplina e motivação
A corrida transformou não apenas seu corpo, mas sua mentalidade. “Me ensinou disciplina, me fez ter uma alimentação melhor, descansar bem e perceber que sou capaz de muito mais do que imaginava”, afirma.
Hoje, sua rotina de treinos inclui três dias de corrida e quatro de academia, tudo acompanhado por um treinador. Mas Kelle não corre apenas por si mesma. Com um perfil no Instagram que já alcança mais de 2.500 seguidores, ela compartilha sua rotina e recebe diariamente mensagens de mulheres inspiradas por sua história.
“Elas me mandam mensagens dizendo que eu as motivo, que sou um exemplo. Isso me dá ainda mais vontade de continuar”, conta.

Mulheres na corrida: desafios e conquistas
Apesar do crescimento da participação feminina no esporte, as mulheres ainda enfrentam barreiras. “Sempre tentam nos colocar em um lugar de menor desempenho, como se fosse normal corrermos menos, nos esforçarmos menos”, reflete.
Ela lembra de uma corrida em que um homem confessou que tentou ultrapassá-la o tempo inteiro, mas não conseguiu. A segurança também é um desafio. Kelle evita correr sozinha, principalmente em horários de pouco movimento.
“Já fui seguida, já escutei comentários desrespeitosos, e isso desanima. Mas seguimos em frente, porque sabemos que o nosso espaço é nosso por direito”, reforça.
Ainda assim, a presença feminina nas corridas tem aumentado. Em 2024, Kelle participou da primeira prova do Brasil em que a maioria dos competidores de 21 km eram mulheres. “Foi um momento histórico. Estamos ocupando cada vez mais esse espaço.”

Sonhos e metas
Agora, além da maratona no Rio, Kelle sonha em participar da icônica São Silvestre e em correr em todos os estados do Brasil.
“A corrida mudou minha vida. E se eu pudesse dar um conselho para quem quer começar, seria: vá no seu tempo, não se compare e persista. Todo mundo consegue.”
Fora das pistas, Kelle se define como uma mulher sonhadora e determinada. “Antes, meus objetivos eram mais limitados. Hoje, eu sei que posso muito mais. E quero que outras mulheres saibam disso também.”

Por: Papo M3 Realidades