
Confronto entre forças de segurança e combatentes leais a Assad, em Latakia, na Síria — Foto: Reprodução / redes sociais
Última modificação em 10 de março de 2025 às 11:59
Nos últimos dias, a morte de civis na Síria atingiu patamares alarmantes, expondo um cenário de violência crescente. Vídeos divulgados nas redes sociais, supostamente gravados durante os conflitos no oeste do país, mostram homens fardados disparando contra pessoas desarmadas enquanto proclamam a intenção de “purificar o país”. O grupo Hayet Tahrir al-Sham (HTS), anteriormente liderado por al-Shaara antes da queda de Assad, surgiu a partir de dissidências de facções jihadistas — uma ideologia que seu líder afirmou ter abandonado logo após a derrubada do regime anterior.
“[Já houve] a batalha pela libertação. Agora é uma batalha pela purificação — diz uma voz masculina, com sotaque egípcio, em um vídeo obtido pela CNN, sem identificação de data ou local específico. — Aos alauitas, estamos vindo para massacrar vocês e seus pais. Todo mundo está saindo com armas, mostraremos a vocês a [força] dos sunitas”.
ONU pede cessar fogo
No domingo (9) a Organização das Nações Unidas fez um pedido pelo fim das mortes de civis. De acordo com o comunidade, a ONU recebeu relatos “extremamente preocupantes” de famílias inteiras que foram mortas no Noroeste da Síria.O líder sírio Ahmad al-Chareh apelou à unidade nacional e à paz civil na Síria após uma organização não governamental (ONG) denunciar a morte de centenas de pessoas, majoritariamente civis, em um surto de violência sem precedentes desde a queda de Bashar al-Assad.
A onda de violência teve início na última quinta-feira (6), quando apoiadores de Assad lançaram um ataque sangrento contra as forças de segurança em Jablé, próximo à cidade de Latakia, no oeste do país. A região, um antigo bastião do governo deposto e berço da comunidade alauíta — um ramo do Islã xiita do qual descende o clã Assad —, tornou-se palco de intensos confrontos. Em resposta, as autoridades enviaram reforços para as províncias de Latakia e Tartous, na costa ocidental, onde iniciaram grandes operações de perseguição contra simpatizantes do ex-presidente.
Aumento das mortes e corpos ao mar
Moradores de Latakia, principal porto da Síria no Mar Mediterrâneo, relataram que grupos armados sequestraram vários membros da comunidade alauíta, cujos corpos foram posteriormente encontrados sem vida. Entre as vítimas está Yasser Sabbuh, diretor da agência estatal Casa da Cultura, cujo corpo foi deixado em frente à sua residência após o sequestro.
Outros relatos falam de corpos atirados ao mar e enterrados em valas comuns por forças do governo interino, com uso de retroescavadeiras.
Fonte: O Globo
Por: Papo M3 Realidades