Última modificação em 4 de março de 2025 às 18:02

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Papo M3 Realidades está conversando com mulheres que fazem a diferença em suas áreas. Entre elas, a cantora e compositora Katty Morais se destaca por sua trajetória cheia de desafios, superações e muito talento no cenário musical de Roraima. Katty é uma das poucas mulheres no estado que ocupam o palco do pagode, um estilo ainda muito associado aos homens.
De uma mesa de madeira ao primeiro violão
A história de Katty com a música começou cedo, ainda na infância, dentro da igreja. O desejo de aprender a tocar violão era tão grande que seu pai, que era marceneiro, trocou uma mesa feita por ele por um violão usado. Foi com esse instrumento que Katty começou a dar os primeiros acordes e se apaixonou ainda mais pela música.
Sozinha, ela aprendeu a tocar com a ajuda de revistas e observando outros músicos. Hoje, já cursa Licenciatura em Música na Universidade Federal de Roraima, onde está tendo seu primeiro contato com a teoria musical, complementando o conhecimento que conquistou na prática.
Do sertanejo para o pagode, sem perder a identidade
Mesmo com uma forte influência sertaneja — muito por ter vivido parte da vida em Goiás e Tocantins — foi no pagode que Katty encontrou seu espaço. A mistura de estilos virou uma das suas marcas registradas: ela pega sucessos do sertanejo e dá uma cara nova a eles, transformando as canções em pagodes animados e cheios de personalidade.
Esse diferencial chamou atenção e, assim, nasceu o grupo K’ Entre Nós, onde Katty é a única mulher entre os músicos. Além do talento, ela carrega a responsabilidade de representar muitas outras mulheres que sonham em ocupar esse espaço na música roraimense.
Preconceito e assédio ainda fazem parte da rotina
Mesmo com todo seu talento e dedicação, Katty enfrenta dificuldades simplesmente por ser mulher. Ela conta que algumas casas de show resistem em contratar bandas de pagode com mulheres no vocal, como se o gênero fosse exclusivo dos homens. Além disso, o assédio é constante. Durante e após as apresentações, há sempre alguém que confunde a presença no palco com um convite para ultrapassar limites.
Um caso marcante foi quando Katty recebeu uma gorjeta de R$200 e, logo depois, mensagens cobrando que ela saísse com o cliente.
“É triste perceber que, para algumas pessoas, uma mulher cantando na noite não é vista como uma profissional, mas como alguém disponível para outros interesses”, conta.
Sonhos que vão além de Roraima
Katty não esconde que sonha alto. Recentemente, em uma viagem a Goiânia, ela percebeu como a cena musical de lá é mais aberta e valorizada. Mesmo em apresentações rápidas, já recebeu convites para novos shows e propostas para seguir carreira por lá.
A ideia é amadurecer ainda mais seu trabalho, criar uma bagagem sólida e, no momento certo, buscar novos horizontes em outros estados. “Eu sei que cada pessoa tem seu tempo. O que for pra ser, vai acontecer. Mas eu quero estar pronta quando a oportunidade chegar”, diz.

Conselho para as mulheres que sonham com a música
Para quem está começando e sonha em viver da música, Katty deixa um recado simples, mas poderoso: estude, tenha humildade e se respeite.
“A gente precisa aprender sempre. E, principalmente, ter respeito por nós mesmas, porque ninguém vai respeitar a gente se a gente mesma não se valorizar”, afirma.
Com talento, força e determinação, Katty Morais está mostrando que o pagode roraimense tem, sim, espaço para mulheres. E ela não só ocupa esse espaço, como abre caminho para muitas outras que virão.

Por: Papo M3 Realidades